AQUI POSSO CHORAR - Conto de João Brito Sousa
Este conto é dedicado ao TiTonho
à entrada da aldeia, depois do cemitério e a meio da ladeira, à esquerda, bem lá para dentro das figueiras e alfarrobeiras, meio escondida e já no limite da fazenda, fica a casa dos Ranitos.
à entrada da aldeia, depois do cemitério e a meio da ladeira, à esquerda, bem lá para dentro das figueiras e alfarrobeiras, meio escondida e já no limite da fazenda, fica a casa dos Ranitos.
Francisco Ranito Jr, já tinha três filhos quando enviuvou. A senhora, bastante formosa, diziam, vinha dos Bentos, uma família com pergaminhos que residia nas Hortas, um sítio já mais próximo da cidade.
O Ranito era um lavrador abastado e passeava-se pelas fazendas a cavalo, vestia terno e usava cordão de ouro, que ficava preso numa casa cá em cima na dobra do casaco e no fundo do cordão, tinha um relógio redondo, onde via as horas, que colocava por cima da cintura, na algibeira do colete.
Com este desempenho de homem abastado e ainda por cima fazendeiro, cedo resolveu o problema da viuvez e começou de conversa com a Angelina do Cerro Grande e aquilo deu certo, apesar dela ter menos vinte e tal anos de idade que ele, coisa pouco vulgar na região e nessa época e vai daí, passaram a chamar-lhe o Ranito Maluco.
O Ranito, que já tinha três filhos do primeiro casamento, desta vez arranjou outros três, rapazes todos, o António, o Manuel e o Joaquim que não beneficiaram da fortuna do pai, porque a Angelina encarregou-se de esgotar o baú onde o Ranito Pai depositava os seus haveres.
Depois da morte de Francisco Ranito a Angelina começou a beber tornando-se numa alcoólica inveterada. A vida tornou-se difícil para os Ranitos e os filhos seguiram vidas diferentes, mas felizmente conseguiram ganhar estima e consideração da gente da aldeia.
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