Contos de Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz. - O amor do primeiro beijo
Bela, muito bela, na sala de aula. Apanhou um espelhinho para olhar-se. Mas, o que viu foi o rosto de João e seu sorriso. Não se olhou, mas viu-o. E estremeceu, da cabeça aos pés. Não estivesse sentada, cairia.
A saída das aulas fugiu num rebolado trémulo, mas faceiro. O que se passou naquela cabecinha nem ela mesma poderia decifrar. Muito menos na sua carne, aquela noite. Não dormiu direito. Pela manhã, não tomou nem o café. Mais tarde, almoçou às pressas, vestiu o uniforme. Saia de pregas e blusa branquinha com o logótipo da escola gravado no bolso que lhe tapava o seio esquerdo. Seio adolescente pequeno, lindo, rosado e duro.
Passou os olhos na silhueta de contornos recém - inaugurados. Beijou a mãe e pediu a bênção ao pai. Saiu correndo e, na esquina, parou para enrolar aquela saia, contra seu desejo, tão comprida. Enrolou-a até acima dos joelhos. Apertou aquela bagunça toda com o cinto largo que lhe espremia a cintura, deixando-a mais fina. Agora, sim. Caminhou sorrindo serelepe, mas diferente dos outros dias. Aquela imagem ao espelho era um fascínio de pudor e fervor da pele. Sentimento estranho aquele. O que seria?
Entrou na sala e, assim que a aula começou, apanhou o espelhinho escondido. Que medo de ver o que desejava ver! E viu. Lá estava aquele sorriso sorrindo-lhe, de novo! Um príncipe encantado! Meleiou a cabeça para ela. O que fazer? Abaixou o espelho rapidamente e segurou o coração com o pensamento. Batia forte no pescoço.
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