CASAMENTOS - Texto de Lina Vedes
Dia de nostalgia…
Sinto-me acabrunhada de corpo e alma, não sei porquê!!!
Ao acordar, com o quarto na penumbra e ainda deitada, vasculho recordações do passado!!!!!!!!!…
Recordo momentos lindos que se foram e não voltam mais. Recordo a avó Ana de Jesus, nascida em 1890, e os serões de Inverno passados em diálogo familiar.
Momentos calmos de recordações, momentos que a avó aproveitava para nos relatar um pouco da sua vida.
Nascera e vivera a sua infância e adolescência num sítio a quatro quilómetros de S. Bartolomeu de Messines, aldeia das Pedreiras.
As poucas casas existentes eram todas de familiares. O avô dela teria sido proprietário de uma extensa área que, dividida pelos descendentes, acabou por ficar retalhada, tendo cada parcela a sua casa de habitação rural, caracteristicamente algarvia.
Viviam da venda de frutos secos, produtos das hortas e da pecuária (cavalos, vacas, porcos, ovelhas) …
Contava a avó ter tido onze irmãos e cada um deles, imensos descendentes.
Quando nova era divertida, vivia feliz rodeada de familiares em ambiente calmo e tranquilo.
Um dia, tinha ela 19 anos, uma das irmãs diz-lhe:
- Anequinhas, amanhã vais à vila (Messines) comprar um vestido e sapatos.
Admirada com o facto começou a indagar o porquê de tal surpresa, e vem a descobrir que ia casar dali a 15 dias, com o Joaquim Sebastião, dos caminhos de ferro, indivíduo de algumas posses e com direito a reforma depois dos 65 anos de idade.
Sobressaltada, ainda tentou saber o porquê, mas era assim. Os pais resolviam e os filhos obedeciam.
Só o tinha visto uma vez, nem com ele falara. Era mais velho e sisudo, o oposto da sua maneira de ser.
A avó Ana sabia ler e escrever. Aprendera quase sozinha, e na aldeia todos recorriam a ela para tratar da correspondência com os parentes e amigos que viviam noutras localidades.
A Anica era uma verdadeira enciclopédia no saber de rezas e mezinhas para todo o tipo de tratamentos – dores de cabeça, constipações, pés torcidos… Cantava e recitava as ladainhas da igreja e sabia muitas quadras populares e lenga - lengas.
Transmitia aos outros todos os seus saberes durante os serões e a todos valia.
Sinto-me acabrunhada de corpo e alma, não sei porquê!!!
Ao acordar, com o quarto na penumbra e ainda deitada, vasculho recordações do passado!!!!!!!!!…
Recordo momentos lindos que se foram e não voltam mais. Recordo a avó Ana de Jesus, nascida em 1890, e os serões de Inverno passados em diálogo familiar.
Momentos calmos de recordações, momentos que a avó aproveitava para nos relatar um pouco da sua vida.
Nascera e vivera a sua infância e adolescência num sítio a quatro quilómetros de S. Bartolomeu de Messines, aldeia das Pedreiras.
As poucas casas existentes eram todas de familiares. O avô dela teria sido proprietário de uma extensa área que, dividida pelos descendentes, acabou por ficar retalhada, tendo cada parcela a sua casa de habitação rural, caracteristicamente algarvia.
Viviam da venda de frutos secos, produtos das hortas e da pecuária (cavalos, vacas, porcos, ovelhas) …
Contava a avó ter tido onze irmãos e cada um deles, imensos descendentes.
Quando nova era divertida, vivia feliz rodeada de familiares em ambiente calmo e tranquilo.
Um dia, tinha ela 19 anos, uma das irmãs diz-lhe:
- Anequinhas, amanhã vais à vila (Messines) comprar um vestido e sapatos.
Admirada com o facto começou a indagar o porquê de tal surpresa, e vem a descobrir que ia casar dali a 15 dias, com o Joaquim Sebastião, dos caminhos de ferro, indivíduo de algumas posses e com direito a reforma depois dos 65 anos de idade.
Sobressaltada, ainda tentou saber o porquê, mas era assim. Os pais resolviam e os filhos obedeciam.
Só o tinha visto uma vez, nem com ele falara. Era mais velho e sisudo, o oposto da sua maneira de ser.
A avó Ana sabia ler e escrever. Aprendera quase sozinha, e na aldeia todos recorriam a ela para tratar da correspondência com os parentes e amigos que viviam noutras localidades.
A Anica era uma verdadeira enciclopédia no saber de rezas e mezinhas para todo o tipo de tratamentos – dores de cabeça, constipações, pés torcidos… Cantava e recitava as ladainhas da igreja e sabia muitas quadras populares e lenga - lengas.
Transmitia aos outros todos os seus saberes durante os serões e a todos valia.
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