Prioridade – prioridades - Crónica de Abílio Pacheco
Esta é uma crónica inútil, do tipo chover no molhado. Mas quem disse que a crónica precisa ter utilidade? Ou que ela precisa trazer novidades?
Crónica, já disse o que penso sobre ela no meu «cheiro de café», vem de «cronos» (tempo). Portanto, ligada ao presente, ao hodierno. Mesmo que se considere inútil e redundante, ela é deveras necessária.
As leis que determinam o atendimento preferencial representam um avanço no pensamento brasileiro e um progresso jurídico em relação ao respeito à(s) parcela(s) da sociedade contemplada com as prioridades. Mas tem algum leitor por aí que não tenha uma, umazinha sequer, história de desrespeito ao atendimento prioritário? Ou mesmo falta de lógica no que se refere à prioridade? Disse que era chover no molhado, lá vai água:
Já vi caixa dizer para idoso que a prioridade é no subsolo, estando o cliente no terceiro andar. Já vi pessoas dizerem (isto foi num aeroporto) que não cederiam a vez no auto-atendimento bancário à mãe com a criança no colo, pois já estavam esperando há muito tempo. Já vi pessoa reclamar que gorda não tem prioridade, duvidando da gestação de uma cliente preferencial.
O campeão de desrespeito talvez seja mesmo o transporte urbano. Não vou dar nenhum exemplo senão esta crónica vai virar uma ficha corrida. A coisa é feia tanto nos pontos de ônibus como dentro dos veículos e piora se for um transporte alternativo. Advogar a favor da pessoa que tem direito, então, é coisa que não se faz nestes espaços públicos. Afinal, você o que que você com isso?
Não para por aí, não. Tem uns locais de atendimento ao público em Belém que – atendendo a lei – reserva algumas atendentes para as prioridades. Entretanto, se o cliente chegar e tirar uma senha de prioridade e uma senha para atendimento comum no mesmo instante, a senha comum é, na maioria das vezes, chamada antes. Não entendi! Para quê prioridade neste caso?
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