domingo, 4 de novembro de 2012

Prosa Poética de Joaquim Nogueira - trazias o perfume; um dia; chegas pela manhã

 
Prosa Poética de Joaquim Nogueira - trazias o perfume; um dia; chegas pela manhã 
 
 trazias o perfume
 
«...trazias o perfume de uma flor e o sabor de uma iguaria... trazias tudo o que eu desejava, o que eu queria... trazias contigo a doçura do teu olhar e a leveza do teu toque para o meu corpo amaciar... trazias o sol e o brilho das estrelas... trazias o sorriso estampado na pele e o cheiro da maresia quando se espalha na areia... trazias tudo o que um homem anseia... trazias o amor dentro de ti, o amor que se dá e não se regateia, o amor que sempre perdura mesmo quando partes... trazias a esperança no rosto e os lábios entreabertos prontos para o beijo, para o doce toque em que todos os sabores se transformam em mel...
 
um dia
 
«... um dia, que possa ser bem distante deste, olharei para mim e reconhecer-me-ei... hoje, ainda não sei quem sou... deambulo como se o fizesse em sonhos... um dia, que possa ser bem distante deste, postarei aqui um texto sem emendas, sem rasuras e sem entrelinhas...
 direi, nessa altura quem sou, pois só nesse momento saberei para o que vim... não vou pedir alvíssaras por me ter encontrado nem me vou premiar por ter lá chegado... olharei apenas para mim... servirá um simples espelho... nele verei estampado um rosto que não é o que tenho agora mas o que verei ali retratato... um mais usado... depende dos olhos que olharem e da alma que me verá... não sei se me saberei ler bem fundo nos meus próprios olhos... mas vou levar uma cábula e talvez me ajude a entender-me um pouco melhor...
 
chegas pela manhã
 
… chegas pela manhã
… logo a seguir ao último luar
… e trazes margaridas no teu sorriso
… vens com os olhos brilhando pétalas
… e as mãos erguidas em ovação
… trazes a paz no teu andar
… no compasso terno do teu coração
… chegas pela manhã
… logo a seguir ao teu último sonho
… resplandecente de ondas do mar
… trazes o sorrir de um beija-flor
… trazes alegria, trazes amor
… vens com os lábios abertos ao mel
… e os braços abertos ao abraço
 
 
 
 

 

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