O DESCASCADOR DE ARROZ - Texto de Arlete Deretti Fernandes
De minha infância guardo as recordações mais despreocupadas e felizes. Minha mãe pouco me deixava sair para brincar fora do espaço de nossa casa. Quando eu conseguia permissão para sair e sentia a liberdade, muito magrela saía dando pulos e correndo bem depressa, com os cabelos ao vento e olhando para trás de vez em quando, com receio de que minha progenitora mudasse de opinião.
Meus cabelos eram grossos e pretos. Minha avó se encarregava diariamente de trança -los. Tinha um laço de fita em cada trança e a recomendação de cuidar para não perdê-las...Eu era chamada por meu pai de «a menina das longas madeixas.»
O descascador de arroz situava-se junto a padaria e a residência da família proprietária. Quando nos juntávamos, todos os amiguinhos, nossa maior alegria era pular do alto do prédio que abrigava o descascador, sobre o grande monte de palhas do solo. As palhas de arroz, muito leves, afundavam-nos com nossos pulos e na descida sentíamos um frio na espinha.
Corríamos pela padaria, pelos pastos, como filhotes de aves soltas em bando e alegres cantarolando. Descíamos os morros verdes de grama, embarcados em calhas de coqueiro. Não era rara a vez em que voltava para casa com o vestido confeccionado pela vovó todo rasgado ou com o rosto inchado de picadas de marimbondos.
Leia este tema completo a partir de 19/11/2012
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