domingo, 4 de novembro de 2012

Adelina Velho da Palma - SEM ORGULHO NEM PRECONCEITO - Prólogo da Autora

 
Adelina Velho da Palma - SEM ORGULHO NEM PRECONCEITO - Prólogo da Autora
 
De entre as inúmeras espécies animais que povoam a Terra, nenhuma assume tão pesados encargos com a descendência como o homo sapiens. As crias de todas as outras são rechaçadas do berço materno mal conseguem deslocar-se e alimentar-se autonomamente. O que equivaleria, em termos humanos, aos filhos deixarem a casa dos pais aos seis ou sete anos de idade.
 
Porém, para os progenitores da raça humana, a realidade é outra. Nasce-lhes um filho e é certo que durante muitos anos não se conseguem livrar dele. Um infindável rol de leis, regras, normas e obrigações, sem retribuição nem contrapartida (a não ser de natureza emocional) inventadas pela sociedade inoperante em que os humanos se (des)organizaram, protege as crias da espécie muito para lá da dependência física. E nada nem ninguém as pode forçar a autonomizarem-se.
 
Criar um filho humano é, pois, uma tarefa gigantesca. Todavia, a panorâmica desta problemática não seria tão negra se não tivesse vindo, ao longo dos tempos, a acentuar-se. Há trinta anos atrás, a maioria dos jovens deixava a casa dos pais no final da adolescência, sendo esta «a quadra da vida entre os primeiros assomos da puberdade e o termo do completo desenvolvimento do corpo».
 
Contudo, para a compreensão da época atual é necessário estabelecer um novo conceito, o de «neo-adolescência», atribuindo-lhe o significado de «a quadra da vida em que os filhos já são física e intelectualmente aptos mas continuam a depender dos pais».
 
Porque é precisamente o peso social de uma neo-adolescência cada vez mais invasiva no espaço e dilatada no tempo que está a corroer os alicerces da civilização ocidental. A adolescência durava cinco anos. A neo-adolescência perdura, no mínimo, por quinze.
 
 
 
 

 

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