sábado, 17 de novembro de 2012

Clementina de Jesus - A Rainha Ginga. Quelé.

 
Clementina de Jesus - A Rainha Ginga. Quelé.
 
 A Rainha Ginga. Quelé. Duas maneiras de chamar Clementina de Jesus (1901-1987), com a imponência do título de realeza e com a corruptela carinhosa de seu nome.
 
Clementina evocava tais sentimentos aparentemente contraditórios. A ternura e o profundo respeito.
 A ternura de negra velha sorridente. Todos com quem se envolvia tinham a compulsão de chamar de Mãe, como a chamavam os músicos do musical Rosa de Ouro.
 
Uma pessoa capaz de interromper um depoimento dado à televisão para discutir sobre o café com a moça que o servia. Um brilho especial nos olhos que cativou desde os mais humildes ao imperador Haile Selassié.
 
Talvez por ter trabalhado tantos anos como empregada doméstica e ter começado a carreira artística aos 63 anos, descoberta pelo poeta Hermínio Bello de Carvalho, nunca tratava de forma diferente devido à posição social.
 
O respeito ao peso ancestral de sua voz. Uma Africa que estava diluída em nossa cultura é evocada subitamente na voz e nos cânticos que Clementina aprendeu com sua mãe filha de escravos. Clementina surgiu como o elo perdido entre a moderna cultura negra brasileira e a Africa Mãe.
 
Clementina causou fascinação em boa parte da MPB. Artistas tão diferentes como João Bosco, Milton Nascimento e Alceu Valença fizeram questão de registar sua voz em seus álbuns. Apesar disto Clementina nunca foi um grande sucesso em vendagem de discos.
 
 
 
 
 

 
 

Sem comentários:

Enviar um comentário