Poesia de Albertino Galvão - Procuro um lugar; Numa aldeia portuguesa
Procuro um lugar
Vivo à procura de um lugar secreto
sem muros, nem grades
nem cercas a demarcar...
onde possa passear meus medos...
espalhar segredos...
chorar promessas que não cumpri
e esconder o cofre mágico dos sonhos
que tive... mas não os vivi!
Procuro um lugar livre e correto
onde possa falar, gritar e cantar
o teu nome, com vigor...
deitar-me em ti e acordar em ti
minha amada, meu amor,
sem horas a comandar nossas vidas...
sem normas a limitar o desejo...
Numa aldeia portuguesa
à janela dormitava a avó Maria
na sacada o gato negro preguiçava
no canteiro a rosa branca despontava
despertada pelo sol do meio-dia
As comadres regressavam da capela
as crianças passavam por mim correndo
a Rosinha com seu cão preso p’la trela
ia triste pois d’amor anda sofrendo
Tio Toino segue o jumento mancando
duma perna que esfolou lá no silvado
e na encosta as ovelhas vão pastando
com o pastor dormitando relaxado
Num banquinho ordenhando a mansa vaca
Miquelina mostra a coxa avantajada
e o Pataias, penteado farto em laca
«gala» a moça mesmo sendo ela casada
Leia este tema completo a partir de 5/11/2012
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