sexta-feira, 9 de novembro de 2012

COLUNA DE MANUEL FRAGATA DE MORAIS - AMORES in INKUNA MINHA TERRA - CONTOS

 
COLUNA DE MANUEL FRAGATA DE MORAIS - AMORES in INKUNA MINHA TERRA - CONTOS
 
Uma brusca lufada de ar quebrou uma asa à gaivota, lançando-a para o gelo do canal, onde ficou volteando, atordoada. Vários transeuntes junto à ponte buscavam vias de a salvar, todavia a tempestade fustigava as ruas de Amesterdão. Ruas estreitas, calcetadas e escorregadias, ladeando os canais ora gelados, impedindo a navegação das pequenas embarcações que os utilizavam. Para as largas barcaças, sobrava o rio Amstel, pontilhado de blocos de gelo quebrado.
 
No conforto ameno da residência, uma pequena cave de dois quartos na Prinsengracht, Lito Boal lia uma revista cinéfila, quando a campainha da porta ressoou com insistência. Apressou-se a abrir, pois sabia que nevava e estava frio. Para seu agrado, viu Samu Lenga entrar, exsudando alegria. Abraçaram-se mesmo antes do amigo retirar as luvas, o cachecol e o pesado casaco que o protegiam.

«De onde vens?», perguntou Lito Boal feliz de rever Samu.
 «Acabei de chegar de Estocolmo. E contigo, como vão as coisas?»

Samu Lenga, na casa dos trinta, o rosto meio tapado por uma espessa e escura barba que tipificava o guerrilheiro, era o retrato do quadro dinâmico que fizera vários anos nas diversas frentes da luta contra o colonialismo português. Pela integridade moral e política, pelo multifacetado trabalho desenvolvido nas diversas frentes e pelo domínio de vários idiomas, fora agraciado com o novo posto.
 
A luta emancipalista entrara em fase mais desenvolvida e dinâmica, e tornava-se necessário alguém do seu porte, a nível dos países europeus. A Suécia reconhecia e apoiava directamente vários movimentos africanos, permitindo deste modo a instalação de uma delegação que cobria os países nórdicos.
 
 
 
 
 

 
 

Sem comentários:

Enviar um comentário