O melhor da fila é esperar por ela - Por Marcelo Pirajá Sguassábia
Deu na «Folha»: paulistano às vezes passa mais tempo na fila do que no programa que a originou. E é tanto tempo que ela própria virou o passeio. As duas horas em média de fila no restaurante acabam sendo até mais cobiçadas e proveitosas que as próximas duas de esbórnia. Petisca-se e birita-se na faixa, paquera-se, twita-se, lê-se, medita-se, enfim...
Como dizem os americanos, no pain, no gain. No caso, sem espera não tem graça. Só que tem cada vez menos pain no processo, com os mimos e agrados que os donos da casa servem para amenizar a demora e o desconforto em pé. Digo em pé, mas até isso está mudando. Tem atração que oferece banquinho, mesa, cadeira e sabe-se lá mais o que para fidelizar a clientela.
E a fila, quem diria, de ritual enfadonho virou objeto de desejo.
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- E aí, faz muito tempo que tá aqui na fila?
- Umas três horinhas, mas passou tão rápido. Daqui a pouco já chega a minha vez de sair. Mas até que deu pra aproveitar bastante. Sábado que vem tem mais, se Deus quiser.
- Olha lá o espertinho, quer voltar pro fim da fila de novo... é o fim do mundo, só aqui no Brasil mesmo.
- Pois é, onde é que está a polícia nessas horas?
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