sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Corcundas da Vida - Texto de Carolina Teixeira - Blogue Coisas da Vida

 
Corcundas da Vida - Texto de Carolina Teixeira - Blogue Coisas da Vida 
 
Por vezes, ou simplesmente muitas vezes, você nota que não entende absolutamente nada do que a vida está tentando falar para você. As interpretações não poderiam ser mais duvidosas, e os sussurros mais impossíveis de serem ouvidos.
 
Então você começa a abaixar a cabeça, a se encurvar e caminhar a passos mais rápidos para não ser impedido por ninguém. Sem compreender os acontecimentos, só consegue entender a necessidade de fugir, correr, sumir; pelo menos, se comporta de modo a ser pouco notado pelos outros. Assim, não será cobrado pelas não compreensões de todas os minutos vividos sem noção alguma de sua vivência.
 
Quando se dá conta, já está mais para Corcunda de Notre Dame do que qualquer outro personagem corajoso explorado por algum quadrinho ou filme. Não consegue levantar a cabeça, só enxerga os pés e o horizonte vira uma visão de sonhos. Pouco a pouco, se acostuma com a velocidade, com a ausência de entender, com o automatismo, e até se sente confortável com as costas encurvadas - é mais perto do chão, impede quedas.
 
Claro que esta nova aceitação de vida não lhe impede de se considerar um marginal, e constantemente se lembra do quanto é vítima de uma sociedade e vida que são incapazes de gastar um tempo contigo para lhe ouvir, e fazer compreender todo o resto que você não ouve mais. Assim como o Corcunda se aceita pela facilidade da ausência de luta, mas rejeita o mundo e não permite seus contatos.
 
 
 
 

 

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