quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Jornal Raizonline nº 262 de 26 de Janeiro de 2015


Jornal Raizonline nº 262 de 26 de Janeiro de 2015

COLUNA UM- Daniel Teixeira

Alteração gráfica do Jornal
Por razões relacionadas com as alterações verificadas nos sistemas de busca dos motores (de busca) resolvemos (ainda que e sempre a título experimental) transferir também o nosso Jornal, até agora publicado em servidor com domínio próprio (raizonline.com) apenas para publicação a partir deste número também num dos nossos blogues, (Jornal) aqui. (carregar no link «Jornal» para entrar no Blogue caso deseja ver).

Os números anteriores a este 262º número encontram-se no respectivo site acima referido (http://www.raizonline.com/) e por lá vão ficar, pelo menos até ao mês de Setembro, altura em que se decidirá se se continua a pagar o domínio ou não, dispensando-se assim a publicação neste formato.

Na verdade, em termos de alcance de leituras temos visto reduzir-se o número de clics no Jornal, o que se pode atribuir a mais que um factor.

O facto de termos até agora colocado um resumo de cada postagem num outro Blogue (que não o referido acima) mostra-nos que é relativamente menor o número de pessoas que vão até ao Jornal ler os textos completos do que aquele que se fica pelo resumo apresentado no Blogue.

As razões deste facto são também mais que uma: uma parte das pessoas não repara no link colocado abaixo de cada postagem e considera (os leitores não assíduos ou sem trabalhos publicados, sobretudo) que lhes satisfaz a amostragem que fazemos considerando mesmo que o nosso resumo constitui a totalidade do texto.

Assim, razões de facilidade de busca e facilidade de acesso aos textos totais são as motivações que nos levam para já a fazer este acrescento / alteração: de site (domínio próprio) para Blogue da Google e domínio próprio.

Ainda uma outra razão, embora de segunda ordem, nos leva também a esta alteração: estamos (no Jornal em site) com uma centena de páginas, renovadas em grupos de vinte / vinte e cinco periodicamente, o que faz com que os textos fiquem, na nossa opinião, demasiado tempo online num mesmo exemplar. No caso do Blogue, eles ficarão até mais tempo online, mas de acordo com a sua distribuição número a número.

Este número no Blogue tem o seu índice geral no seguinte link (Índice) mas como é o primeiro desta série poderá ser acedido calmamente através do sistema habitual nos Blogues (postagem anterior).

Esperamos ir resolvendo alguns problemas que entretanto possam vir a surgir e muito sinceramente achamos que este sistema tem futuro nas nossas publicações uma vez que praticamente toda a gente conhece o mecanismo dos blogues.

Que tenham uma boa semana são os meus desejos.
 
Nota: Fizemos também um arranjo no nosso Portal, retirando alguns Blogues dado que estando estes desactivados, ou com atrasos grandes em publicações (mais de um ano) acabam por trazer alguma frustração a quem os pretende aceder por via Portal. 

Daniel Teixeira  



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terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Jornal Raizonline nº 261 de 10 de Dezembro de 2014 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - Os anos da miséria


Jornal Raizonline nº 261 de  10 de Dezembro de 2014 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - Os anos da miséria

Viver em Portugal nunca foi fácil: basta ler alguns dos nossos clássicos, descontando aqueles que fizeram apologias em curtos períodos da nossa história, para ficarmos certos que umas vezes com razão outras sem muita razão, rara é a perspectiva positiva sobre o ser-se português em Portugal.

Camilo Castelo Branco, numa resenha crítica que faz sobre Camões, diz com o sentido de humor corrosivo que se lhe reconhece, que não se quer, na nossa literatura, um Camões sorridente, feliz, quer-se um Camões torturado pela desgraça, um sofredor.

Em certo sentido, com mais humor ou menos humor, uma parte substancial - bem substancial frise-se - da nossa história retém, preferentemente, as partes «choramingas» e com raras excepções o português pela-se por uma boa angústia que venha antes ou após o jantar.

Em rigor pode dizer-se que o português médio (de uma média transversal numérica e de classe) fica feliz apenas quando refere uma forma da desgraça do seu ser português em Portugal. António Gedeão (salvo erro) diz num dos seus poemas que «não é impunemente que se nasce em Portugal». Ou seja, tem de se pagar um preço e para os mais pessimistas o total a pagar nunca se acaba.

Estamos no período de Natal e nesta altura, quando tal é possível por ainda existir margem - o tal referido português das duas médias acima referidas - fica ainda mais triste. Dentro da sua tristeza intrínseca quase permanente junta-se a tristeza que vem do calendário. Uma e outra formam um todo avassalador, nalguns casos.

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domingo, 7 de dezembro de 2014

Poesia de Pedro Du Bois - Heróis; Trair; Viver


Poesia de Pedro Du Bois - Heróis; Trair; Viver

 

 

 Heróis

 

 No tempo vive segundos
 de glória. O restante da façanha
 conta em casa e no bar
da esquina: focalizado
 no instante do espetáculo.

 Sorri o estado calamitoso
 das essências: não é
 o mesmo.

 Nos estertores da glória
 restam resquícios de histórias.

 (Pedro Du Bois, inédito)






Poesia de Virgínia Teixeira - Uns e outros; Inverno; Menina, Mulher, Mãe, Companheira


Poesia de Virgínia Teixeira - Uns e outros; Inverno; Menina, Mulher, Mãe, Companheira



 
Uns e outros



Para uns o fado é a tristeza
Arrastam consigo o sofrimento e a saudade
 Outros caminham pela Vida com leveza
E despedem-se sem lágrimas nem contrariedade

Uns carregam no peito as lágrimas de uma vida
E trazem o olhar húmido de melancolia
Outros trazem no peito uma alegria incontida
E no olhar um sorriso sem hipocrisia

Uns passam pelos dias sem nada vislumbrar
Outros abraçam a Vida com alegria
Uns tornam-se cegos pela cortina de lágrimas no olhar

Outros caminham como quem dança
Mas uns e outros são irmãos no dia da morte
Cadáveres apenas, qualquer que tenha sido a sua sorte.


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Ao Domingo Há Música - Carlos do Carmo


Ao Domingo Há Música - Carlos do Carmo

in Blogue Livres Pensantes


No dia em que Carlos do Carmo recebeu o Grammy «Lifetime Achievement Award», foi-lhe prestada uma homenagem pela Rádio Comercial com trinta e cinco artistas a cantar «Lisboa Menina e Moça». Um fado que se tornou um tema emblemático de Lisboa, do Fado e da carreira de Carlos do Carmo com poema de José Carlos Ary dos Santos, Joaquim Pessoa e Fernando Tordo e música de Paulo de Carvalho.

Foi com «grande emoção e imensa surpresa que Carlos do Carmo recebeu a notícia de ter sido escolhido para o prémio: «tive conhecimento do prémio através de um telefonema do presidente da Academia, que me ligou para casa. Tenho de confessar que durante os primeiros cinco ou dez minutos pensei que fosse uma brincadeira, até porque há aí uma rapaziada do stand up com uma graça incrível, que faz umas imitações bestiais e eu estava desconfiado».

E foi com um «e viva Portugal!», que Carlos do Carmo terminou o discurso de agradecimento na cerimónia de entrega do Grammy Latino de Carreira, que decorreu na quarta-feira, 19 de Novembro, no Hollywood MGM Theatre, em Las Vegas, nos Estados Unidos.

 O «Board of Trustees» da Latin Academy of Recording Arts and Sciences decidiu, por unanimidade, atribuir a Carlos do Carmo o «Lifetime Achievement Award», galardão que distingue a obra das grandes referências do panorama musical internacional», segundo comunicado da academia.


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sábado, 6 de dezembro de 2014

O preço dos figos - Conto de Daniel Teixeira


O preço dos figos - Conto de Daniel Teixeira

 De calças compridas dali onde estava, eu nada percebia no seu corpo levantando-se e baixando-se sob uma figueira. De costas abaixadas aqui rente ao chão, a pessoa que eu via logo levantava o dorso mais além num emaranhado de ramos e ramagem onde despontavam pequenos pontos arroxeados.

Virou-se então um pouco e ainda ao longe na minha direcção e eu, incerto, penso ter divisado um volume de seios. Talvez fosse uma mulher que colhia figos e que olhava de quando em vez em redor de si e das figueiras como se estivesse receosa. E devia estar, pensei eu.

 As figueiras que pontuavam pelo pequeno monte não eram daquela pessoa, isso eu sabia e talvez fossem - e isso eu não sabia bem - de um homem de meia idade parecendo um pouco sujo e de barba salteada que por ali cirandava de quando em vez com um feltro escuro na cabeça e um colete sobre a camisa.

 E então a pessoa que apanhava figos deslocou-se para uma outra árvore que estava mais perto do local onde eu observava e eu então vi perfeitamente que se tratava de uma mulher de cabelo enrolado em quase carrapito e um chapéu de palha que me pareceu desfiado nos bordos que transportava duas largas cestas de verga.

Eu não tinha nada a ver com isso, quer dizer, nada tinha a ver com os figos e eles eram tantos ao longo das figueiras na pequena encosta que mesmo que estivessem a ser roubados pouca diferença fariam ao homem um pouco sujo do colete e do chapéu de feltro, se ele fosse mesmo o dono das árvores o que eu não sabia.


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A visita do Tio João - Conto de João Furtado


A visita do Tio João - Conto de João Furtado

A única riqueza que lhe restava era a vida. Com setenta e poucos anos parecia ter mais de oitenta. Todo curvo e cheio de reumatismo.

Os amigos foram se escasseando, os mais novos ocupados com a vida e os mais velhos iam aos poucos para a verdadeira morada. Os vizinhos iam se trocando e os novos inquilinos vieram vacinados e imunes do conhecido e tradicionais «olá», «bom dia», «boa tarde» ou «até amanha, se Deus quiser». As famílias? Também foram vacinados, estamos no mundo das vacinas e das imunidades.

Ele comprou um apartamento onde morava com a mulher e dois filhos, em Carnaxide, não muito longe de Lisboa. Os filhos com a febre da emigração e a falta de trabalho digno emigraram. Foram para a França.

Certo dia a mulher adoeceu e ele fez tudo para que ela se curasse, mas o câncer foi mais forte. Dois anos depois e com muita dor e sofrimento ela recebeu a visita do Senhor e teve a Paz da Alma. Foi um alívio, para ela que tanto sofria e para ele que não sofria menos vendo sua amada a sofrer.

A partir daquele dia o céu apareceu mais cinzento, o sorriso menos alegre e o andar mais cansado. Recolheu-se a casa e só saia para ir a mercearia. Falava com o dono da mercearia, quem lhe dava algumas vezes fiado e ele pagava quando recebia a pensão. Depois de algum tempo só o merceeiro sabia que ele era o Tio João. O Tio João era cada vez mais uma sombra ambulante.

Certa noite, depois de passar por mercearia e saldar todas as suas dívidas foi para o seu apartamento descansar. Era o que fazia diariamente. Descansava enquanto a cidade continuava a viver acordada dia e noite. Naquele dia não foi a excepção. Lá fora continuava a vida, carros a passarem, mulheres e homens a falarem dos seus problemas, jovens a namorarem, prostitutas e prostitutos a prostituírem… Enfim o normal do dia-a-dia.


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