A MINHA RUA - Texto de Lina Vedes
Os meus netos ocupam os seus tempos livres, mexendo numa abundância exagerada de brinquedos ou vendo televisão. A ocupação mais marcante é feita na frente do televisor, numa vivência virtual, que não alimenta a imaginação, a luta real pela vida, nem a actividade física.
Quando tinha a idade deles, não tinha brinquedos, imaginava-os e quando deseja algo, aprendi, desde pequena, a lutar para alcançar esse objectivo.
As crianças de hoje, não lutam, não se empenham, não imaginam, pouco convivem, porque não é possível viver livremente. Têm tudo o que nós ambicionávamos, mas falta-lhes a liberdade, o poder correr pelas ruas sem os perigos dos carros, dos assaltos ou dos raptos.
A minha televisão era a rua.
Sentada à porta de casa, no 27 da Rua Baleizão, em 1944/48, assistia a acontecimentos, uns diários e outros periódicos.
Todos os dias, pela manhã, a mulher do leite, a «ti Xica», rabugenta, respingava porque se levava muito tempo a chegar com a vasilha de recolha, ou porque não se pagava com dinheiro trocado.
Vinha o carteiro, batendo a todas as portas a entregar, pessoalmente, a correspondência.
Passavam os homens que vendiam «burriéis», «carcanholas», «caranguejos», «buzias», «odes camarões a dois tostões», «alcagoitas», a mulher das bananas, o menino Xico, o Gaiana, o «Cuco Mestre Zé Café Loulé», o das rifas que apregoava «do menino prá menina, da menina pró menino... eh... tostão»...
Quando tinha a idade deles, não tinha brinquedos, imaginava-os e quando deseja algo, aprendi, desde pequena, a lutar para alcançar esse objectivo.
As crianças de hoje, não lutam, não se empenham, não imaginam, pouco convivem, porque não é possível viver livremente. Têm tudo o que nós ambicionávamos, mas falta-lhes a liberdade, o poder correr pelas ruas sem os perigos dos carros, dos assaltos ou dos raptos.
A minha televisão era a rua.
Sentada à porta de casa, no 27 da Rua Baleizão, em 1944/48, assistia a acontecimentos, uns diários e outros periódicos.
Todos os dias, pela manhã, a mulher do leite, a «ti Xica», rabugenta, respingava porque se levava muito tempo a chegar com a vasilha de recolha, ou porque não se pagava com dinheiro trocado.
Vinha o carteiro, batendo a todas as portas a entregar, pessoalmente, a correspondência.
Passavam os homens que vendiam «burriéis», «carcanholas», «caranguejos», «buzias», «odes camarões a dois tostões», «alcagoitas», a mulher das bananas, o menino Xico, o Gaiana, o «Cuco Mestre Zé Café Loulé», o das rifas que apregoava «do menino prá menina, da menina pró menino... eh... tostão»...
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