As filhós da minha mãe - Crónica de Daniel Teixeira
Bem, para começar esta crónica é preciso dizer desde logo que a minha mãe tinha uma capacidade de tornear os problemas que sempre me recordo e que para sempre me recordo, é claro. As filhós que a minha mãe fazia não eram filhós, eram coscorões, mas lá em casa e para nós todos sempre foram filhós e o termo coscorões nunca foi utilizado.
Havia filhós e empanadilhas mesmo que as filhós fossem coscorões. Sem menosprezo por quem utiliza este termo desde sempre devo dizer que coscorões me parece um nome demasiado grosseiro, com «cheiro» fónico a oficina de automóveis, quer dizer em termos etimológicos embora se chegue ao «small cake», temos de passar pelos latinos «crustula» e «crustulum» o que francamente não me enche ainda hoje de alegria pronunciar. Aqueles coscorões lá em casa eram filhós e fica o assunto arrumado para mim.
Pois bem, a filhó, esta que tenho vindo referindo, e que a Micas aqui nos fornece a fotografia, ainda que incompleta porque faltaria misturar ao açúcar a canela, era feita em dose industrial na sua relação com as empanadilhas.
Estas, as empanadilhas, eram as meninas dos nosso olhos: recheadas sobretudo de batata doce (em pasta / molho próprio, é claro), conviveram connosco durante largos anos até que a minha tia começou a introduzir modernices no processo: gila, abóbora, etc. o que veio desestabilizar o sistema porque nos começou a colocar o problema da escolha.
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