sexta-feira, 5 de outubro de 2012

 
Poesia de Albertino Galvão - A velha Rosinda; Canção às mãos
 
 
A velha Rosinda



Quando me falta inspiração recorro ao meu baú como é o caso! Este ainda escrito em Angola 1974
 
Na velha picada que a chuva esventrara
 a velha Rosinda jazia estendida.
 A quinda de verga que há tempos comprara
 mostrava vestígios de bala perdida
 
 Rosinda já tinha bué anos de idade
 mas tinha nas pernas a força do mato
 fazia quitanda na grande cidade
 e em vida jamais usara sapato
 
 
Canção às mãos



As tuas mãos são um mapa
 onde procuro o meu norte
 a cada dedo uma etapa
 a cada traço uma sorte
 
às tuas mãos eu confio
 as minhas mãos calejadas
 quando se enrugam de frio
 ou pela forja queimadas
 
 São mãos que acalmam a dor
 quando febril as procuro
 mãos que transmitem amor
 quando me afagam no escuro
 
 
 
 
 

 
 

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