domingo, 7 de outubro de 2012

Coluna: Antônio Carlos Affonso dos Santos. ACAS, o Caipira Urbano. - cururus, ou o repente dos santos

 
Coluna: Antônio Carlos Affonso dos Santos. ACAS, o Caipira Urbano. - cururus, ou o repente dos santos
 
 
O NASCIMENTO DE JESUS CRISTO
 
Eis aqui um trecho do texto «Menino Jesus da Silva», mostrado pelo Teatro Itinerante nas ruas do Rio de Janeiro:
 
«Maria mãe é terra/ Muito fértil, meu senhor/ José jogou a semente/ Que na barriga dela brotou/ O menino chega hoje/ Será filho da fome/ Ou homem respeitado/ Com diploma de doutor?/ Salve louvor esse menino/ Que pode endireitar esta nação/ Aqui está o brasileiro/ A ele foi dada a missão.»
 
O repente, ou desafio, também está presente fora da região nordestina. Como vimos no meu texto «O Cego Aderaldo», o repente é utilizado também para professar religiosidade, quando passa a chamar-se de «cururu». Nesse caso, ele funciona tal como um «mantra», que se repete noite e dia, como verdade estabelecida daquilo escrito pela ficção. Em outros casos. Como mostrarei adiante, ele serve tão somente à louvação de Deus e dos santos.
 
 O QUE E O CURURU?
 
 Concebido como dança de roda, na zona rural da região do Médio Tietê, o Cururu foi levado como espetáculo ao público urbano, pela primeira vez em 1910, por Cornélio Pires, à mesma época em que este historiador levou também ao conhecimento de todos, a música caipira autêntica.
 
Apesar de ser inicialmente dançado, o Cururu é sobretudo, um Canto de Repente, de modo que as letras, a melodia e a música são feitas com total improviso.
 
Cada improviso deve respeitar um tipo de regra, conforme veremos adiante, no parágrafo «Regras para o Cururu». Embora conduzido ao som de viola, que marca o compasso e pelos versos do cururueiro, o Cururu também tem na sua tradição, uma participação do público, que pode aplaudir uma combinação brilhante de palavras nos versos, ou então, criticar o desempenho do canturião, quando este perde o compasso da viola e «perde a batida».
 
Totalmente improvisado, mas cumprindo regras determinadas pelas tradições folclóricas, o Cururu foi criado por motivos religiosos, com base em eventos da igreja Católica, principalmente nas Festas em devoção ao Divino Espírito Santo, quando na hora em que ocorre o «pouso do divino», o cururueiro começa a cantar para saudar a chegada do Divino.
 
 
 
 

 

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