sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Lendas - Alma Penada - A alma penada de odelouca - Recolhida no Centro de Estudos Ataíde de Oliveira

 
Lendas - Alma Penada - A alma penada de odelouca - Recolhida no Centro de Estudos Ataíde de Oliveira
 
Havia uma senhora em Odelouca que tinha nove irmãos. Quando os pais morreram todos foram herdeiros. Ela herdou como um qualquer dos irmãos e dividiram as terras. Mas à noite ela ia, tirava o marco dela e punha mais desviado. No outro dia punha mais desviado.
Havia lá uma senhora que se chamava Palmira e disse-lhe assim, comadre não faça isso, que isso não se pode fazer, roubar terra.
 
A outra respondia comadre nesta vida bem passar que na outra ninguém nos vê penar.
 
Acontece que ela morreu e então à noite, pelas partilhas (eu era miúda pequena) e a gente só ouvia era ais. Eu dizia assim, coitadinha, quem é, avó? Filha, cala-te. Mas avó, mas quem é que está chorando?
Cala-te, filha, não digas nada.
 
Uma bela noite estávamos jantando favas (era a primeira vez que se comia favas naquele ano) e então ouvimos um choro para o lado dum lameiro. Era um lameiro muito grande, muito grande, e quem vinha de noite de Portimão, carvoeiros e outras pessoas, quando passavam por ali às vezes as bestas atolavam-se e só puxadas é que conseguiam safar-se. Parecia que vinha daquele lado o choro, uma agonia tão grande que se comovia o coração.
 
Diz a minha avó assim para um filho solteiro que tinha: filho vamos lá ver que foi alguém que veio de Portimão, eu ouço também uma criança chorar, é alguém que caiu além na lama e não se dá tirado.
 
 
 
 
 

 

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