domingo, 28 de outubro de 2012

LUUANDA - De Luandino Vieira - Por Arlete Deretti Fernandes

 
LUUANDA - De Luandino Vieira - Por Arlete Deretti Fernandes 
 
As três narrativas reunidas neste livro, retratam a dura realidade dos musseques angolanos – os bairros pobres de Luanda, onde o próprio autor viveu. «Minha preocupação era ser o mais fiel possível àquela realidade. [...] Se a fome, a exploração, o desemprego, surgem com muita evidência [...] é porque isso era – digamos assim – o aquário onde meus personagens e eu circulávamos», afirma Luandino.
 
Apesar da dura realidade, Luandino cria personagens inesquecíveis. Como «vavó Xíxi» e seu neto, que, sem trabalho e sem dinheiro, não dispensa a camisa florida ou o amor de Delfina, para desespero da avó («Vavó Xíxi» e seu neto Zeca Santos).
 
Ou o Garrido Kam’tuta, atormentado pelo papagaio que ganhava as carícias que Inácia lhe recusava («Estória do ladrão e do papagaios»). Ou «ngai Zefa» e sua vizinha, que disputam a posse de um ovo de galinha («Estória da galinha e do ovo»).
 
Essas histórias curtas, narradas com grande maestria e um colorido muito especial, buscam na oralidade inspiração para recriar a linguagem .
 
José Luandino Vieira, pseudônimo literário de José Vieira Mateus da Graça, nasceu em Portugal, em 4 de maio de 1935 e emigrou com os pais para Angola em 1938. Cidadão angolano pela sua participação no movimento de libertação nacional e contribuição no nascimento da República Popular de Angola. Passou toda a infância e juventude em Luanda onde frequentou e terminou o ensino secundário.
 
Trabalhou em diversas profissões até ser preso em 1959 (Processo dos 50), é depois libertado e posteriormente (1961) de novo preso e condenado a 14 anos de prisão e medidas de segurança. Transferido, em 1954, para o Campo de Concentração do Tarrafal, onde passou 8 anos, foi libertado em 1972, em regime de residência vigiada em Lisboa.
 
Depois da Independência foi nomeado para a Televisão Popular de Angola, que organizou e dirigiu de 1975 a 1978; para o D. O. R. (Departamento de Orientação Revolucionária do MPLA) que dirigiu até 1979; para o I. A. C. (Instituto Angolano de Cinema) que organizou e dirigiu de 1979 a 1984.
 
Membro fundador da União dos Escritores Angolanos exerceu a função de Secretário-Geral desde a sua fundação – 10-12-1975 – até 31-12-1980.
 Foi Secretário-Geral Adjunto da Associação dos Escritores Afroasiáticos, de 1979 a 1984; e de novo Secretário-Geral da União dos Escritores Angolanos, de 1985 a 1992.
 
Após o colapso das 1.ªs eleições em 1992 e do recrudescimento da guerra civil, abandonou a vida pública, dedicando-se unicamente à literatura.
 
Agraciado com o Prémio Camões em 2006, recusou a premiação.
 
 
 
 
 

 

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