domingo, 28 de outubro de 2012

Aconteceu comigo, acreditem - Conto de Daniel Teixeira

 
Aconteceu comigo, acreditem - Conto de Daniel Teixeira
 
Eu não acredito em extraterrestres, quer dizer, não acredito que eles existam, ou acredito que se eles existem devem ter mais que fazer do que andar por aqui, pela terra, a incomodar o próximo e a aparecer sempre como incómodos.
 
Para além do mais e para isto também parte-se de um pressuposto que não tem qualquer base nem lógica nem ilógica: ou seja, eles são sempre mais inteligentes que nós, terráqueos, o que não sendo impossível ou até extremamente fácil nalguns casos conhecidos, não garante nem pode garantir que eles, a existirem, não estejam num estágio evolutivo anterior ao nosso, sejam sumariamente povos primitivos e que ainda nem sequer tenham descoberto a roda.
 
Mas e há sempre um «mas», o que aconteceu comigo deixou-me a pensar que pelo menos existe uma possibilidade, pequena que seja, que eles existam, tal como os figuramos. A menos que aquilo que eu vi seja resultado de uma alucinação, numa altura em que era bem possível eu ter essa alucinação.
 
Mas vou começar pelo princípio...
 
Eu já ali estava naquele local havia dois dias e francamente não me estava a agradar muito a espera. Não eram só as serpentes, cascavéis na sua maioria, que por ali andavam e pouco tranquilo me deixavam apesar de todos os cuidados tomados, mas era também o tempo, o meu tempo, que estava a começar a esgotar-se.
 
Os meus clientes, posso chamar-lhes assim, não me tinham dado uma hora exacta de chegada e ainda tinham de alugar um avião, o único que havia nas redondezas. O velho Smith que eu conhecia bem era o dono da aeronave e francamente sempre me recusei a «ir dar uma voltinha» com ele porque o aparelho me parecia tudo menos seguro.
 
Aliás, o próprio Smith era pouco seguro: embebedava-se amiúde, discutia com a mulher, uma loura gorducha bem mais nova que ele, ela punha-o fora de casa, ele ia beber e dormir para o avião e chegava a levar nisso dois ou três dias.
 
 
 

 
 

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