domingo, 7 de outubro de 2012

Ermida de Nossa Senhora do Pé da Cruz - Texto de Lina Vedes

 
Ermida de Nossa Senhora do Pé da Cruz - Texto de Lina Vedes
 
A nível de casario circundante, o Largo do Pé da Cruz, está quase idêntico à década 40/50, exceptuando um edifício de 3º andar, com restaurante no r/c, e um outro, mais recente, agressivo à vista, enorme, destacando-se de todo o conjunto, bem ao lado da Igreja, construído na antiga horta do Dr. Brito da Mana.

A principal diferença reside também no «tanque?», «fonte?», colocada ao centro do Largo, seca, sem qualquer objectivo…

No passado, a Rua da Trindade, em paralelepípedo, descia pela direita da Igreja, continuava pelo Largo, separando-o em dois pequenos jardins, com árvores frondosas.
Existia um poço público, com cobertura armada em ferro, que foi retirado em 1943 e substituído por uma bica, que situaram à direita, quase na frente da loja do Estanqueiro, onde mais tarde se vendia, entre outros artigos, o pão do Paulino (policia reformado).

Partindo do Largo, as vias permanecem – R. Nova, Travessa da Trindade, R. do Pé da Cruz, R. Brites de Almeida e R. Bocage, antigamente da Cordoaria, que se encontra em péssimo estado.
 
Os residentes da década 40/50, na maioria pertenciam à classe pobre, levavam vida pacata, o homem saindo para o trabalho pela manhã, vindo almoçar a casa, a mulher a tratar dos serviços domésticos e dos filhos.

Conheciam-se todos uns aos outros, sabendo em profundidade da vida de cada um e cochichando, entre eles, as últimas novidades.

Como característica natural da época, espreitavam e imitavam ao máximo a classe superior à sua, na ambição desmedida de se igualarem.

Depois dos homens saírem para o trabalho, as esposas prendadas, apareciam à porta de casa a receber o leite, o carteiro, a comprar peixe ao arrieiro ou as hortaliças para o almoço, às mulheres dos burros, algumas vestidas com «robes» compridos até aos pés.

A proximidade do Liceu de Faro, frequentado por «meninos ricos» e seus professores, transmitiu à zona, uma faceta elitista, que se popularizou, um pouco, após a mudança para Escola Comercial e Industrial.

A Alameda valorizava, grandemente, este aglomerado residencial. Tinha o ringue de patinagem onde, às vezes, se projectavam filmes de Walter Disney, «bonecos animados»» ( como se dizia na altura), e disputavam torneios regionais e provinciais de basquetebol, uma biblioteca, com livros infantis, numa casota envolvida em vegetação, com mesas e cadeiras, situada onde, actualmente, é a porta de acesso, em frente da casa do guarda da alameda.
 
 
 
 

 

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