quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Crónicas e ficções soltas - Alcoutim - Recordações XXXIX - Por Daniel Teixeira - Resumo crítico do que tenho escrito nesta rubrica


 
Crónicas e ficções soltas - Alcoutim - Recordações XXXIX - Por Daniel Teixeira - Resumo crítico do que tenho escrito nesta rubrica

Depois do que escrevi na última crónica sobre a (in) evolução do conceito de vizinhança e embora reconheça que faz parte do meu ser tentar lutar na minha medida pela sua boa memória anterior, ainda que reconheça também a sua impraticabilidade no presente, gostaria de esclarecer alguns aspectos que no curto das crónicas nunca cabem.

Tenho feito parte de todo um conjunto de iniciativas e sites (até mesmo no facebook da moda) cujo objectivo, ainda que não confessado nem programado de antemão, pretende encontrar uma plataforma de entendimento entre o passado e o presente no que se refere a formas de estar e relacionamentos.

A antropologia cultural, que desde muito novo me cativa, é para mim mais do que a mera recolha de elementos e anotações sobre acontecimentos: para mim esta disciplina tem uma função socialmente importante se tivermos em conta que ela deve procurar funcionar como um elemento de conhecimento do passado e do presente  que sejam ambos ao fim e ao cabo reconhecidos no mesmo campo expressivo. Quer isto dizer que não se faz antropologia (seja ela a cultural ou outra) que tenha como objectivo único ser um inventário estático do passado ou do presente.

Porque é que eu tenho de uma forma geral retratado as pessoas que conheci em Alcaria Alta, por exemplo, como pessoas que perderam batalhas? Nunca tem sido porque a culpa, a fundamental culpa seja delas, dessas pessoas. Retrato a situação que conheci no tempo em que a conheci e o tempo era de derrota. Falei de algumas tentativas quase todas ou mesmo todas frustradas em que alguns procuraram encontrar nesgas de esperança e confiaram nas suas ambições até que chegaram à altura em que não podiam confiar mais e que só a fé os fazia mover dado que os resultados eram já nulos.

Na sua grande parte, tal como eu e os meus familiares, tivemos de partir e a tal nesga de oportunidade que foi negada àqueles que ficaram acabou por ter o seu lugar nas cidades, na emigração em geral, num outro lugar. O esgotamento dos meios locais foi-se esvaindo como água numa peneira.

O que eu procuro recordar é a luta, a capacidade de luta, que essas pessoas que foram ficando, ou as que regressaram depois de estadias mais ou menos prolongadas e se confrontaram com a necessidade de viverem um pouco melhor, mas nunca aquele viver bem que almejavam. E é essa capacidade de luta que faz falta agora neste mundo todo que é o nosso e que augura novas batalhas perdidas todos os dias.
 
 
 
 
 
 

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