sexta-feira, 24 de maio de 2013

VIAGEM EDUCATIVA - Crónica de João Furtado


VIAGEM EDUCATIVA - Crónica de João Furtado  
 
Enfim chegamos. Não completamente. Ainda faltava cerca de 50 minutos. Estava exausto.
 
Tinha saído de Atlanta para Bóston, onde dormi na casa do meu irmão. Para levantar de madrugada. Cansado de avião preferi tomar autocarro para Nova Iorque. O meu irmão me levou de carro de madrugada para o South Station. Não era necessário, podíamos ter ido mais tarde e apanhado o autocarro das dez. Mas, ele tinha trabalho e por isso apanhei o das cinco de madrugada.   Foi uma longa viagem, mas adorei. Estava farto de avião e tinha que o apanhar em Nova Iorque. Não tinha outra alternativa. Viver nas Ilhas, tem esta inconveniência temos que estar sempre a apanhar avião ou barco. O barco estava fora das minhas opções, mesmo se existisse, não consigo superar o enjoo.
 
Cheguei a Nova Iorque, troquei de autocarro. Tomei o errado. Devia tomar para o aeroporto de John F. Kennedy, mas apanhei de Newark Liberty.
 
Acontece comigo. Da última vez fui parar a La Guardia tive que apanhar um táxi. Desta vez não preocupei, tinha tempo. Estava com mais de seis horas de avanço. Apanhei outro autocarro e por fim cheguei onde devia apanhar o Avião de South Africa, o voo SA202 com destino a Ilha do Sal.   O SA 202 ia para Joanesbourg. Era uma escala praticamente técnica no Sal, entretanto a companhia aceitava alguns passageiros para Cabo Verde. Quase sempre menos de vinte. Naquele dia éramos cerca de doze. A maioria do completamente cheio boing 747 tinha como destino Africa do Sul.  
 
Entre os quase doze passageiros estava uma senhora jovem, não tinha mais que 25, 26 anos. Bonita e toda maquiada. Nem os cerca de 6 horas de voo nocturno. Nem a madrugada da chegada, duas horas e trinta minutos, a conseguiu tirar o batom da boca ou os muitos quilos de produtos nos olhos, face etc. Ela estava de roupas brilhantes, destacando o colan vermelho e a bota de couro.
 
A senhora estava acompanhada de um rapaz, a idade situava-se entre os 8 e 10 anos. Estávamos na sala de embarque. Eu na curta fila e ela a preencher a folha dos Serviços Fronteiriços. Mas os meus olhos não desgrudavam do rosto dela. Tentavam saber de que ilha era ela. Embora já tivesse apercebido que ela era de uma das nossas muitas ilhas virtuais, a emigração.




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