Still Crazy After All These Years... - Crónica de Cynthia Kremer
Há muitos e muitos anos que venho me perguntando sobre uma constante na minha vida: os insucessos dos meus relacionamentos. Tantas questões me intrigavam na mesma proporção que para elas, não tinha respostas. Ou melhor, conseguia realizar meias verdades, e que no fundo, eu bem sabia que continuava no escuro porque nada do que eu concluía me parecia uma resposta verdadeira.
Eu estava já pensando em alguma «maldição» jogada sobre mim. Tive sorte. Foram alguns dos homens mais interessantes que conheci desde meu último casamento. Homens que poderiam facilmente deixar mulheres exigentes completamente apaixonadas. Mas a sorte as vezes não quer dizer muita coisa, pois foram todos eles «amados» por mim de forma incompleta.
Na verdade eu nunca os amei, embora esforços para isso não me faltaram. Mas quem disse que se consegue forçar sentimentos? A sensação era invariavelmente a mesma. Um pequeno encantamento no começo, mas já com uma certeza interior de que aquilo em nada daria. Alguns se arrastaram mais que outros, porém, quando sentia que aquele estava especialmente empenhado em levar adiante, eu sempre arrumava uma maneira de terminar, de sabotar a relação.
E de um modo definitivo, fechando todas as portas atrás de mim. Sou PhD nisso. Comecei a cogitar a existência de algo em mim que não me permitia o direito à felicidade, como uma autoflagelação, ou uma espécie de masoquismo. Era profundamente ambíguo o sentimento que me tomava nessas questões. Eu achando – sem nenhuma convicção – que gostava, que amava, mas o real, o que eu sentia de verdade era um tremendo desconforto com aqueles pessoas.
E deixava isso vazar mesmo sem querer (querendo) para colocar no outro a responsabilidade de assumir que havia esfriado, perdido o encanto. E quando não conseguia, tomava as rédeas e rompia sem muitos pudores. E foi assim. Uma relação após outra, num mesmo ritmo, num mesmo tom, num mesmo padrão que já me cansava.
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