Poesia de Ilona Bastos - MEU CANTO; COMO SOA O POEMA; O ESCREVER DA POESIA
MEU CANTO
Só neste meu canto é que eu me encontro,
E em nenhum outro mais que possa se inventar.
Procurar-me, para quê, noutro lugar?
Só desta voz eu oiço a lhana fala,
De um jeito longo, encadeado, quase prosa
Que eu não sei calar, muito que tente.
COMO SOA O POEMA
Não soa o poema ao criador.
Irrompe do fundo de nenhures,
Pensamento luminoso, súbito,
Na brancura do papel a derramar.
Não soa em alta voz a poesia.
Pois é ideia ágil, forte e clara,
é passo vivo ou mesmo galopante,
Que o braço move e leva pelo ar.
Não soa como som, já que é mais luz,
Corrente descendente até à mão,
Vaivém audaz do lápis no papel
Furor intenso e débil a criar.
O ESCREVER DA POESIA
Não sei se escrevo poesia
Ou se a poesia me escreve.
é presunção, decerto, julgar-me criadora,
Chamar poesia a estas palavras
Que debito, desajeitadas e frouxas,
Nas brancas páginas de um caderno.
Maior presunção, ainda,
Acreditar que meus actos desconexos,
Pensamentos e gestos perplexos,
Encerram em si a poesia, o motor
Gerador do meu viver.
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