sexta-feira, 17 de maio de 2013

Poesia de Albertino Galvão - Rotinices...; O homem da estrada...

 
Poesia de Albertino Galvão - Rotinices...; O homem da estrada...
 
 
 Rotinices...
 
 Quando a noite desfalece e a manhã
 veste o fato rotineiro doutro dia
 destapamos os perfumes com afã
 e aquecemos com café a utopia

Abraçamos as estradas costumeiras
 circundamos as rotundas insolentes
 e ao subir-mos as escadas int’resseiras
 inventamos cumprimentos entre dentes

Ajeitamos a gravata decretada
 aspiramos doutras bocas fumos loucos
 e entramos , quais novilhos, na tourada
 cornos baixos, meios cegos, meios moucos
 
O homem da estrada...
 
 Com o olhar toldado por névoas estranhas
 o horizonte seco de sonhos perfeitos,
 a fome mordendo, à força, as entranhas
 e a boca torcida deserta de beijos...

o homem subiu a íngreme estrada!

Com o rosto gretado por falsos desejos
 os braços caídos, o corpo mirrado,
a roupa rasgada, sapatos desfeitos,
 as pernas tremendo pisando o destino
 e o traço contínuo que a vida traçou
 nas curvas da estrada da sua existência...

o homem olhou, parou, e voltou!

Com passos incertos, o homem mudou
 o rumo da fé, da esperança, dos credos...
 e sorvendo do vento o sabor da geada,
 gemendo palavras da boca babada...
 cheirando da noite segredos e medos
 que iam e vinham com as pedras do chão
 lançadas pelas garras da sua demência
 às ondas de choque da sua ilusão...
 
 
 

 
 

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