sexta-feira, 10 de maio de 2013

Lendas da «Costureirinha» - Introdução de Daniel Teixeira, Textos e vídeo recolhidos

 
Lendas da «Costureirinha» - Introdução de Daniel Teixeira, Textos e vídeo recolhidos
 
As lendas (ou a lenda) da costureirinha, embora faça sobretudo parte do universo feminino, entrou na minha infância através de sigilosas conversas entre costureiras ou simplesmente conversas entre quem não sendo costureira de profissão ou labor caseiro tinha uma máquina de costura em casa.
 
Poderá considerar-se uma lenda semi-urbana acompanhando assim a distribuição geográfica deste equipamento. Embora fosse de acreditar que a costureirinha apenas visitava as casas que tinham apetrechos e máquinas de costura, também se acreditava que ela na sua busca visitasse aquelas casas que não tinham tais equipamentos, acontecendo que os ruídos que eram atribuídos à sua presença e à sua deslocação / visita  seriam assim mais familiares e relacionáveis nos casos em que se verificava a existência de uma máquina de costura.
 
Por aquilo que me lembro a sua  presença (imaginada) não era propriamente motivo de um terror profundo: não se lhe atribui a realização de qualquer mal, embora nas referências memoriais que tenho não fosse nada cómodo ouvir o trepidar da máquina durante a noite ou parte dela. Não conheço também referência a mezinhas ou rezas para o seu afastamento.
Será pois uma lenda (com variantes) sobre um sobrenatural relativamente inofensivo.
 
 Primeira versão:
 
«A lenda da costureirinha» que durante muitos e muitos anos foi história contada entre gerações e que hoje já quase caiu no esquecimento.
 
«Entre as crenças que algum dia existiram no Baixo Alentejo, a da costureirinha era uma das mais conhecidas. Não é difícil, ainda hoje, encontrar pessoas de alguma idade, e não tanta como isso… que ouviram a costureirinha. O que se ouvia, então?
 
 Segundo diversos testemunhos, ouvia-se distintamente o som de uma máquina de costura, das antigas, de pedal, assim como o cortar de uma linha e até mesmo, segundo alguns relatos, o som de uma tesoura a ser pousada. Um trabalho de costura, portanto. O som trepidante da máquina podia provir de qualquer parte da casa: cozinha, quarto de dormir, a casa de fora, e até mesmo de alpendres.
 
De tal modo era familiar a sua presença nos lares alentejanos que não infundia medo. Era a costureirinha.
 
 
 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário