sexta-feira, 3 de maio de 2013

Crónica de Abilio Pacheco - Arte e Arte


 
Crónica de Abilio Pacheco - Arte e Arte
 
Estive ministrando uma disciplina acadêmica intitulada Arte e Educação no início desse ano. No projeto do curso havia objetivos a serem alcançados, entretanto sempre há objetivo (ou objetivos) que a gente estabelece paralelamente. Objetivos nem sempre técnicos ou mensuráveis por nota ou conceito. Mais se assemelhando a uma meta subjetiva que propriamente se parecendo com um objetivo.
 
Queria que os alunos entendessem algo essencial sobre a atividade artística que está muito perto do que eu penso a respeito. Queria derrubar o senso comum de que arte é algo bonito, emocional, alegre... Afinal, como afirma Alfredo Bosi, «belo é o que nos arranca do tédio e do cinza contemporâneo e nos reapresenta modos heróicos, sagrados ou ingênuos de viver e de pensar. Bela é a metáfora ardida, a palavra concreta, o ritmo forte. Belo é o que deixa entrever, pelo novo da aparência, o originário e o vital da essência».
 
Queria também derrubar o mito de que arte é dom, talento, capacidade inata, inspiração e só. Queria que entendessem, mas não só entendessem, que tivessem algo perto de si para reforçar o quanto talento não basta. Para mostrar, por experiência própria, uma trajetória em desenvolvimento, com erros, muitos erros para se obter êxito. Alguém que complementasse e completasse... pois, eu não pretendia supervalorizar o saber acadêmico, escolar. Afinal, estudar, ensinar e aprender acontece em muitos lugares e a escola ou academia é apenas um desses lugares.
 
A disciplina era compactada: manhã e tarde e duraria de segunda à sexta. Logo no segundo dia solicitei que procurassem artistas da cidade para levarem para conversar conosco sobre suas atividades estéticas. Artistas variados: músicos, pintores, dançarinos, escritores, artesãos, cantores, etc. Enquanto isso a disciplina ia carregada de teoria. De cansar o quengo! Para quebrar a expectativa daqueles que esperavam passar uma semana de recreação, de brincadeira.
 
 
 
 
 

 
 

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