domingo, 12 de maio de 2013

MEC: a entrevista que faltava - Texto de Leocardo - Blogue Bairro do Oriente - Macau - China

 
MEC: a entrevista que faltava - Texto de Leocardo - Blogue Bairro do Oriente - Macau - China
 
Miguel Esteves Cardoso deu na última quinta-feira uma entrevista à jornalista Fátima Campos Ferreira, da RTP, recebendo-a em casa na companhia da sua mulher de há 13 anos, Maria João Pinheiro. O cronista luso - inglês de 57 anos, que se deu a conhecer ao país em finais dos anos 80 como candidato ao Parlamento Europeu, falou da vida, da escrita, do drama pessoal que foi a doença de Maria João, e do seu novo livro, «Como é Linda a Puta da Vida».
 
O seu último trabalho, uma compilação de crónicas que assinou no jornal «Público» nos últimos seis anos, é aquele que considera «o mais pessoal, o primeiro em que mistura a sua escrita com a sua vida». Muitas destas crónicas foram escritas enquanto a sua mulher batalhava com um tumor maligno na cabeça, e a primeira é exactamente intitulada «Carta a Deus», onde o escritor questiona o Criador sobre a justiça de tudo de mau e bom que nos acontece, do livre arbítrio, do sentido da vida, no fundo.
 
MEC, como é carinhosamente conhecido, fala de Deus, da vida, do país que ama, Portugal, e muito mais nesta entrevista de pouco mais de trinta minutos, que recomendo, e pode ser vista aqui no sítio da RTP. MEC é um personagem caricato, difícil de digerir no início. Aparência bizarra, discurso meio intermitente, tiques esquisitos, mas que dá gosto ouvir, e quem já leu o que escreve (orgulho-me de ter TODOS os seus livros, com excepção de «Cemitério de Raparigas») sabe do que falo. MEC é um brilhante observador, com um sentido de humor inconfundível e um uso exímio da ironia e do sarcasmo.
 
Na parte final da entrevista, MEC deixa uma definição tão genial quanto comovente sobre o significado da vida e a inevitabilidade da morte. A morte não é mais do que tínhamos antes da vida; não existimos durante séculos, milénios, e vamos deixar de existir pelo mesmo período depois da morte; a vida, portanto, é isto, é agora.
 
 
 

 
 

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