O Desprezo (1963) Jean-Luc Godard - Texto Recolhido em Cinema Pela Arte
«Em O Desprezo, em 1963, Jean-Luc Godard apresenta finalmente Brigitte Bardot, corpo matriz de um novo ser feminino, corpo - fetiche de outro desejo masculino, num filme da nouvelle vague, talvez o último e provavelmente o mais belo.» — Antoine de Baecque
Cinema sobre cinema
No caso de «O Desprezo» (1963) de Jean-Luc Godard, parece adequado entabular uma análise com uma das muitas citações contidas no filme; portanto, vamos logo dar início ao texto com a primeira dessas citações; é a própria voz de Godard que nos fala após sua apresentação oral dos créditos:
Cinema sobre cinema
No caso de «O Desprezo» (1963) de Jean-Luc Godard, parece adequado entabular uma análise com uma das muitas citações contidas no filme; portanto, vamos logo dar início ao texto com a primeira dessas citações; é a própria voz de Godard que nos fala após sua apresentação oral dos créditos:
«O cinema, dizia Bazin, substitui nosso olhar por um mundo que coincide com nossos desejos. O Desprezo é a história desse mundo.»
A frase, tão excitante para o público cinéfilo que aguarda ansioso o desenvolvimento do filme de Godard, não é da autoria de André Bazin como confirmam as pesquisas que nada encontraram com relação a essa declaração nos textos do mesmo. Em compensação, foi constatado que tais palavras devem ser atribuídas ao mac -mahoniano Michel Mourlet.
Enfim... «O Desprezo» é filme dentro de filme, referencial e auto-referencial, adaptação instigante do romance Il disprezzo do escritor Alberto Moravia. Brigitte Bardot, nua sob o olhar invasivo da câmara, representa a verdade do corpo, mulher em sua plenitude desenvencilhada das dissimulações do tecido.
Deleite e tormento para os jovens da erotomania cinéfila, entusiastas que extraiam a sensualidade da mais casta insinuação cinematográfica quando a censura encontrava-se no auge de sua ação reguladora.
Marilyn Monroe e Brigitte Bardot, uma mulher em cada extremo. O filme em questão parece motivado por uma missão — condenar à obsolescência as roupas justas que pressionavam a opulência de Monroe; sucessora da Monika de Harriet Anderson em «Monika e o Desejo», o nu sueco orquestrado por Ingmar Bergman, Brigitte Bardot exalta a liberdade com a nudez que ostenta o desejo alheio, apego imoderado ao idioma do corpo.
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