sexta-feira, 17 de maio de 2013

O desconforto do conforto - Publicado por Leocardo no Blogue Bairro do Oriente

 
O desconforto do conforto - Publicado por Leocardo no Blogue Bairro do Oriente
 
As recentes declarações do «mayor» de Osaca, Toru Hashimoto, causaram uma onda de indignação nos países que mais sofreram às mão do exército imperial nipónico durante a Guerra do Pacífico.
 
Hashimoto afirmou que as «mulheres de conforto», como eram conhecidas as jovens chinesas, coreanas e filipinas obrigadas a prostituir-se com soldados japoneses, eram «necessárias para manter a disciplina no seio do exército». Os soldados combatiam todo o dia, arriscando a vida, e portanto à noitinha precisavam de algum «carinho», mesmo que este fosse providenciado por mulheres que eram obrigadas a fazê-lo – escravas sexuais.

Hashimoto proferiu estas afirmações durante a visita a uma base naval norte-americana na última segunda-feira, onde disse que os soldados americanos deviam considerar solicitar o serviço de prostitutas, de forma de «renovar energias», recordando que a profissão está legalizada no Japão.
 
O comentário já não caiu bem entre os oficiais norte-americanos, e Hashimoto foi depois fazer pior ao referir-se às «mulheres de conforto». Isto é mais que suficiente para duvidar da sanidade mental do edil de Osaca. Que se demita é o mínimo que se pede. Uma junta médica que ateste a sua condição psiquiátrica é outra medida a ter em conta.
 
Este aspecto do passado belicista do Japão requer um tratamento cuidadoso, principalmente porque algumas destas mulheres vítimas de agressão sexual por parte do invasor ainda são vivas. Mesmo tratando o assunto de forma mais racional, inserindo-o no contexto de uma guerra como um dos «excessos» próprios dos conflitos armados entre países é errado. Custa a quem sofreu os horrores da guerra, da ocupação, da destruição da sua pátria e da morte de familiares e pessoas queridas ouvir alguém dizer que «é apenas normal», ou remeter a tragédia à frieza dos números. O melhor mesmo é ficar calado.

Os maiores derrotados da II Guerra, Alemanha e Japão, são países exemplares num sem número de aspectos. Podemos não gostar de alemães ou de japoneses, ou de ambos, mas duas nações que no passado cometeram crimes horrendos, foram derrotadas e humilhadas, para depois renascerem das cinzas e se tornarem potências económicas é de se lhes tirar o chapéu.
 
 
 

 
 

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