sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Poesia de Natal - António Gedeão - Dia de Natal

 
Poesia de Natal - António Gedeão - Dia de Natal
 
 
Dia de Natal
 
 Hoje é dia de ser bom.
 é dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
 de falar e de ouvir com mavioso tom,
 de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.
 é dia de pensar nos outros — coitadinhos — nos que padecem,
 de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
 de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
 de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.
 Comove tanta fraternidade universal.
 é só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
 como se de anjos fosse,
 numa toada doce,
 de violas e banjos,
 Entoa gravemente um hino ao Criador.
 E mal se extinguem os clamores plangentes,
 a voz do locutor
 anuncia o melhor dos detergentes.
 De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
 e as vozes crescem num fervor patético.
 (Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
 Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)
 
 
 
 
 

 

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