quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

OUTROS NATAIS - Por Lina Vedes

 
OUTROS NATAIS - Por Lina Vedes 
 
No dia de S. Martinho fui à minha antiga rua, hoje 1º de Maio, perto da baixa de Faro, para reviver o passado. Eram 19 horas e desse tempo, nada encontrei.
 Em 2007 a rua estava deserta, escura, já com os enfeites de Natal espetados no ar, carros passando num rodopio esgotante, cheiro a gás e enorme sensação de rua moribunda.
 Onde se encontra a vida de outrora?
 
Nos anos quarenta não existiam carros nem iluminação colorida, mas havia luz humana!!!...
 Cada casa tinha uma família que partilhava, na rua, todas as vivências. Todas as festas populares eram vividas com espírito comunitário.
 Pelo S. Martinho, carregava-se o menino às costas cantando de porta em porta para recolher rebuçados, castanhas ou alguns trocados.
 
Seguia-se a preparação para o Natal, e o espírito de partilha permanecia com simplicidade, mas muita intensidade. Não havia fartura, mas o valor encontrava-se no significado atribuído, a tudo o que se fazia. O espírito de família e o relacionamento de vizinhança eram a base de toda a nossa existência.
 Para mim, a época mais marcante era o Natal.
 
Enviavam-se pelo correio, com um selo de dois tostões, cartões de Boas Festas aos amigos e familiares residentes noutras localidades.
 
 Montava-se o Presépio utilizando cortiça, madeira, cartão, pedras, areia vermelha e branca, musgo que se ia buscar à Carreira de Tiro, urze, searinhas de trigo, de «ervilhaca», de grão, pequenos recipientes com água... na tentativa de imitar a natureza do tempo do nascimento de Jesus.
 
As figuras do Presépio, em barro pintado, eram colocadas, estrategicamente, caminhando para a gruta do «Nascimento».
Ainda guardo e monto essas figuras, já lascadas e com falta de tinta, mas que nasceram a partir dos meu seis anos, altura em que assumi a montagem do Presépio, no meu quarto.
 
Todos os vizinhos, na época, montavam o seu «Menino» e todos eram visitados, aumentando o encanto natalício.
 
 
 
 
 

 

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