O Vale e suas histórias.- Conto de Arlete Deretti Fernandes
O rio que fertilizava o vale, carregava em seu curso segredos e histórias de um povo e de seus muitos amores. A imigração italiana deixou ali suas marcas – homens e mulheres que da terra tiravam seu sustento. O que muito faziam era trabalhar e procriar.
Uma família de caboclos morava num barranco, à margem direita, próxima ao povoado. Sua modesta casa servia de teto a uma velhinha benzedeira, sua filha e seus dois netos.
O trem que fazia o percurso do vale passava todos os dias, com seu apito estridente, os passageiros a acenar, já fazia parte da paisagem. Quando apitava na curva deixando a montanha para trás, Joana dizia para o filho:
- Vai cortar capim para as vacas, que está na hora.
_ O filho mais velho respondia:
_ Já vou, mãe.
_ O filho mais velho respondia:
_ Já vou, mãe.
Enquanto isto, o filho mais novo brincava com o som do trem:
_ Jaca-taca, jaca-taca, piuíiiiiiii, piuíiii.
_ Jaca-taca, jaca-taca, piuíiiiiiii, piuíiii.
Viviam à maneira deles, porque não tinham ambição nem apegos. A cada dia que Deus colocava no mundo, dava-lhes o que precisavam: tinham um telhado para abrigar-se e comida para matar-lhes a fome. Para eles isto era muito.
Na escola os meninos aprendiam a ler e escrever e fazer contas. Seu mundo se limitava aquelas montanhas que os circundavam, ao pequeno espaço em que viviam.
Eram criaturas que viviam sob o ensinamento da máxima bíblica: Olhai os lírios do campo, que não tecem nem fiam, no entanto nem Salomão com toda a sua riqueza jamais se vestiu como um deles!???
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