domingo, 16 de dezembro de 2012

Jornal Raizonline nº 201 de 17 de Dezembro de 2012 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - As minhas memórias mais próximas (XXII) - Pois...é mesmo Natal

 
Jornal Raizonline nº 201 de 17 de Dezembro de 2012 - COLUNA UM - Daniel Teixeira - As minhas memórias mais próximas (XXII) - Pois...é mesmo Natal
 
Esta crónica divide-se em duas partes sem perder no entanto o fio corrente da meada discursiva: de um lado, o «Pois» lá acima, diz isso mesmo, é que apesar de tudo, o que é muito mesmo, é Natal na mesma.

Não se trata só de constatar que não se pode mexer no Calendário (nos seus números e meses) como também não se pode mexer na calendarização festiva: assim, estejamos ou não em condições emocionais (e financeiras) certo me parece ser que todos vão festejar o Natal.

Se não se pode mexer (nem vejo o interesse) nas datas nem na tradição festiva das gentes, certo no entanto é que tenho pensado muito seriamente em fomentar, na minha curta medida, é claro, o «regresso» do Menino Jesus e o afastamento para uma outra data do Pai Natal.

Sinto-me ofendido, desiludido e mesmo um pouco revoltado: não que tenha alguma coisa contra o velhote de barbas brancas, mas toda a minha formação deste período natalício foi feito tendo como imagem central o Menino Jesus.

Eu e os meus irmãos e outros moços do nosso tempo cantámos «ao Menino» de porta em porta, fizemos presépios, tratámos das figurinhas, fizemos searinhas, percorremos seca e meca e os vales de santarém à procura de cortiças a jeito para fazer os montes e a gruta, arranjámos areia fina da praia, fizemos engenhocas para fazer correr pequenas fontes, pessoas a tirar água dos poços, enfim...

Era um período que despertava em nós a inventividade e sobretudo o desejo de agradar, talvez não tanto ao Menino Jesus mas aos nossos vizinhos, amigos e concorrentes, numa concorrência sã que nada tinha nas mangas, com permutas de peças em falta, com explicações circunstanciadas sobre o funcionamento das pequenas bombas mecânicas de água, em que a tal de entropia entrava em jogo muito antes da utilização da palavra, em moto contínuo. Belos tempos.
 
 
 
 
 

 
 

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