Jornal Raizonline nº 199 de 3 de Dezembro de 2012 - COLUNA UM-Daniel Teixeira - As minhas memórias mais próximas (XX) - O Natal é todos os anos
Bem, o título é uma referência indirecta ao facto de se dizer que «Natal são todos os dias», ou que «Natal devia ser todos os dias». Porquê? Toda a gente sabe que conforme diz o António Gedeão no seu poema «é tempo de sermos bonzinhos» e deveria ser sempre tempo de sermos bonzinhos, e em certo sentido acho que uma parte substancial das pessoas, a larga maioria, mesmo uma larga maioria, procura todos os dias pelo menos «não ser mazinha» e dentre estas pessoas uma parte também grande consegue de facto ser bonzinho, todos os dias.
Mas o que faz muitas vezes com que as pessoas não sejam de todo boazinhas todos os dias é uma diferença sobre a interpretação na concepção do que é ser «bom»: costuma dizer-se «que de boas intenções está o Inferno cheio» e embora este ditado possa ser lido de diversas formas, esta afirmação aplica-se sobretudo às pessoas que agindo, segundo elas, com boas intenções, acabam por fazer asneira, mais grave ou menos grave. Quer dizer que na ideia delas agem «sem culpa», «sem intenção de prejudicar» na sua perspectiva, é claro, mas acabam por prejudicar mesmo.
Sobre o que é ser bom, no sentido mais profundo do termo, ainda não há uma definição comum e nem vai haver dentro dos próximos milénios. O Kant resolveu o problema, em termos teóricos, é claro, e um pouco simplistas também, dizendo sumariamente que se «deve agir como se aquilo que fazemos pudesse ser um princípio universal», quer dizer aqui, que tudo o que se faz (estamos no domínio do fazer e não no do pensar) deve ser passível de aplicação a todos incluindo a nós mesmos, como actuantes em dada circunstância e em todas.
Ora isso implica a existência de uma «vontade» geral, universal e unificada, única no sentido mais mandatório do termo, também: eu posso estar a agir segundo aquilo que entendo ser um princípio universal e mesmo aqui ao meu lado ou a milhares de quilómetros daqui haver uma ou mais pessoas que não estejam em consonância com a minha ideia daquilo que é, para mim, um princípio universal. Logo, sobre bondade e sobre sermos bonzinhos há muita pedra ainda para partir até chegarmos a uma estátua final.
Mas o que faz muitas vezes com que as pessoas não sejam de todo boazinhas todos os dias é uma diferença sobre a interpretação na concepção do que é ser «bom»: costuma dizer-se «que de boas intenções está o Inferno cheio» e embora este ditado possa ser lido de diversas formas, esta afirmação aplica-se sobretudo às pessoas que agindo, segundo elas, com boas intenções, acabam por fazer asneira, mais grave ou menos grave. Quer dizer que na ideia delas agem «sem culpa», «sem intenção de prejudicar» na sua perspectiva, é claro, mas acabam por prejudicar mesmo.
Sobre o que é ser bom, no sentido mais profundo do termo, ainda não há uma definição comum e nem vai haver dentro dos próximos milénios. O Kant resolveu o problema, em termos teóricos, é claro, e um pouco simplistas também, dizendo sumariamente que se «deve agir como se aquilo que fazemos pudesse ser um princípio universal», quer dizer aqui, que tudo o que se faz (estamos no domínio do fazer e não no do pensar) deve ser passível de aplicação a todos incluindo a nós mesmos, como actuantes em dada circunstância e em todas.
Ora isso implica a existência de uma «vontade» geral, universal e unificada, única no sentido mais mandatório do termo, também: eu posso estar a agir segundo aquilo que entendo ser um princípio universal e mesmo aqui ao meu lado ou a milhares de quilómetros daqui haver uma ou mais pessoas que não estejam em consonância com a minha ideia daquilo que é, para mim, um princípio universal. Logo, sobre bondade e sobre sermos bonzinhos há muita pedra ainda para partir até chegarmos a uma estátua final.
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