sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Crónicas e ficções soltas - Alcoutim - Recordações XLII - Por Daniel Teixeira - Teares e retalhos

 
Crónicas e ficções soltas - Alcoutim - Recordações XLII - Por Daniel Teixeira - Teares e retalhos
 
A Ti Maria Antónia da Ladeira era chamada da «ladeira» porque vivia numa casa na ponta de um pequeno cerro que conjuntamente com os outros faziam o aglomerado de cerros maior onde estava «plantado» o Monte de Alcaria Alta.
 
Em teoria um conjunto de montes chama-se de serra, mas seria abusivo chamar serra ao monte onde estava situado o Monte de Alcaria Alta até porque a altitude não era significativa, embora isso tivesse lugar, a pouca altitude, só em termos gerais.

A altitude era enorme para quem tinha de subir e descer aqueles montes e mesmo andar dentro do Monte aos altos e baixos era bastante cansativo. Na altura de miúdo e jovem não reparava muito nisso, mas já depois de uns quantos anos ininterruptos de cidade fomos lá com um casal amigo, almoçámos na Portelinha (atrás da venda do Zé Artur) e subimos ao Castelo (casa da minha avó - já falecida na altura) para dormir a folga e dormimos todos quatro horas de enfiada, sem dar por isso.
 
Não fizemos no total mais de quinhentos metros e quando acordámos foi despedirmo-nos das pessoas, pegar no carro e arrancar. Acabámos por fazer uma outra paragem, ainda com cansaço, com um desvio para Cacela Velha, onde na altura se comia marisco (ostras incluídas) por bons preços, aliás na altura era quase de borla, comparativamente.
 
Fiz o reparo sobre a ladeira e a Ti Maria Antónia - da Ladeira - porque não havia, na altura, mais Maria Antónia nenhuma no Monte e estes acrescentos sobre as localizações das suas moradas tinham precisamente por objectivo fazer desde logo distinguir as pessoas.
 
Talvez a senhora Antonica Vilão fosse Maria também mas não havia razão para que esta «Ladeira» como alcunha complementar tivesse lugar porque a outra, a ser Maria, também, era a senhora Antonica e assim a conheci desde sempre. Um irmão dela era Antonico (mas não era Vilão) e um filho também se chamou Antonico (Vilão).
 
Já falei nestas crónicas sobre isto: Ti Mari Joaquina do Rossio, Ti Mari Joaquina da Praça, enfim, para evitar estar a utilizar os apelidos (Guerreiro, Pereira, etc.) havia esta forma simplificada de nomear as pessoas.
 
 
 
 

 
 

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