Os absurdos do professor de EVP - Texto de Gociante Patissa
A folha de prova era o único laboratório funcional que algumas escolas possuíam.
Foi assim que a escolaridade de muitos de nós ficou marcada, fosse química, biologia ou física.
Cheguei a conhecer permanganato de potássio, só de ver à distância, uma espécie de comprimido escuro. Para que serve? Olha, já nem me lembro. Serve mesmo para quê?!
Conheço pessoas que tiveram a nota final de 20 valores, a máxima que o sistema de ensino prevê, em programação de computadores na década de 1990. Obtiveram ricas notas no certificado e na defesa de tese de conclusão de curso no Instituto Médio Industrial de Benguela, sem que tivessem chegado a um metro sequer do aparelho.
Como digo, era só teoria, que tinha como campo de ensaio a folha de prova. Agora que penso nisso, noto que o meu fascínio com a palavra não é de agora (tal como não é de agora a minha estrondosa fraqueza em contas).
Bem, acontecia então, como não podia deixar de ser, agigantarmos o nosso campo léxico com vocábulos, uns mais agradáveis de pronunciar que outros. Aos 15 anos de idade, frequentando a 8ª classe numa escola da Catumbela, eu viria a aprender um que me marcou até hoje.
Foi quando o professor de Educação Visual e Plástica (EVP) pediu que comentássemos determinada afirmação. Na verdade, tratou-se de uma ideia que negava precisamente um teorema científico de desenho técnico que nos havia sido ensinado naquela mesma semana. «Isto é um absurdo», escrevi eu, não fosse o novo vocábulo ficar sem uso.
Grato pela divulgação. Um abraço de Benguela
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