sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Poesia de Natal - NATAL - Manuel Alegre; Natal - Manuel Maria Barbosa du Bocage; NATAL CHIQUE - Vitorino Nemésio

   

 
Poesia de Natal - NATAL - Manuel Alegre; Natal - Manuel Maria Barbosa du Bocage; NATAL CHIQUE - Vitorino Nemésio
 
 
NATAL
 
 Acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.
 Era gente a correr pela música acima.
 Uma onda uma festa. Palavras a saltar.
 Eram carpas ou mãos. Um soluço uma rima.
 Guitarras guitarras. Ou talvez mar.
 E acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.
 Na tua boca. No teu rosto. No teu corpo acontecia.
 No teu ritmo nos teus ritos.
 No teu sono nos teus gestos. (Liturgia liturgia).
 Nos teus gritos. Nos teus olhos quase aflitos.
 E nos silêncios infinitos. Na tua noite e no teu dia.
 No teu sol acontecia.
 
Natal
 
 Se considero o triste abatimento
 Em que me faz jazer minha desgraça,
 A desesperação me despedaça,
 No mesmo instante, o frágil sofrimento.
 Mas súbito me diz o pensamento,
 Para aplacar-me a dor que me traspassa,
 Que Este que trouxe ao mundo a Lei da Graça,
 Teve num vil presepe o nascimento.
 Vejo na palha o Redentor chorando,
 Ao lado a Mãe, prostrados os pastores,
 A milagrosa estrela os reis guiando.
 
NATAL CHIQUE
 
 Percorro o dia, que esmorece
 Nas ruas cheias de rumor;
 Minha alma vã desaparece
 Na muita pressa e pouco amor.
 Hoje é Natal. Comprei um anjo,
 Dos que anunciam no jornal;
 Mas houve um etéreo desarranjo
 E o efeito em casa saiu mal.
 Valeu-me um príncipe esfarrapado
 A quem dão coroas no meio disto,
 Um moço doente, desanimado…
Só esse pobre me pareceu Cristo.
 
 
 
 

 

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