OS CIGANOS - Conto por Lídia Frade
Ali, naquele local, era o vale das caneiras, havia muito mais coisas sem ser caneiras, era certo mas, como a avó Quina dizia… «onde havia caneiras, também havia água,» e era precisamente esses dois elementos, que os ciganos precisavam, ali naquela época nos anos sessenta.
Tudo isto acontecia, quando os ciganos se deslocavam em carroças, com todos os seus haveres, quando ainda não tinham casas, e armavam a sua tenda, feita com as carroças, e alguns panos ou cobertores, acampavam em qualquer lado, e ali perto das hortas, onde havia de tudo para cozinhar, e a bendita água, mais ainda, as caneiras, era portanto um local abençoado.
No inicio do Outono, as canas estavam pois, boas para o corte. Por essa altura apareciam também, as caravanas, das grandes famílias de ciganos, que acampavam perto da estrada, no olival do Senhor Coronel.
Pediam para cortar as canas, ou outros nem se davam ao trabalho de o fazer, achavam-se já os donos das caneiras, e assim depois faziam cestas.
Apanhavam-nas, limpavam-nas, de todas as folhas fios e folhagens, logo, toda essa folhagem servia também, para alimentarem os burros, e os animais que faziam parte da caravana.
Cortavam as canas, no sentido do comprimento, todas às tirinhas, depois, delas faziam toda a espécie de cestos, e até açafates, com asas, sem asas, redondos, ovais, grandes ou pequenos, dependendo da habilidade, e criatividade de cada artista, mas sempre com as canas verdes para poderem moldar.
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