sábado, 5 de janeiro de 2013

Poemas e Prosa Poética de Ilona Bastos - Esperança na Poesia; Vida; Céu

 
Poemas e Prosa Poética de Ilona Bastos - Esperança na Poesia; Vida; Céu
 
 
 
Esperança na Poesia
 
 O verso torneado renegava,
 Que o sentia oco, sem sentido,
 O afastava em gesto incontido,
 Sabor a fel que ao gosto me amargava.
 
Uma ansiedade crua me agitava
 Distante do langor da Poesia,
 E se um soneto acaso me surgia,
 Nem para vê-lo, lê-lo, eu parava.
 
Vida
 
 Eterno é o amor que criou a vida
 no seio do Universo infinito!
 Contida num mínimo ponto primordial,
 florida em explosão colossal,
 na expansão perpétua se difunde
 por milhões de galáxias,
 inquieta se abriga neste berço,
 turbilhão de nuvens etéreas e nuances,
 vastidão de oceanos azuis, ondulantes,
 que refrescam e da terra se apartam.
 
Céu
 
Agora que me preparava para sair, este ruído matreiro!
 A minha atenção está desperta, e uma dúvida subtil leva à imediata exclamação de incredulidade: «Não é possível!»
A passos largos atravesso a sala e levanto a veneziana (já descida, nos preparativos para abandonar o escritório). No vidro, que gradualmente se expõe, ei-las, as gotas de prata que tracejam verticalmente a paisagem verde. Sim, é chuva - começou a chover.
 Abro a janela e deito a cabeça de fora, de maneira a dissipar o espanto e simultaneamente abarcar, no meu campo de visão, para além do jardim, todo o horizonte citadino.
 Quatro patos, em formação, voam paralelamente à janela, arrancando-me uma nova exclamação, esta de felicidade: «Que belo!» Consigo, desta vez, apreciá-los bem. Todos machos, o pescoço verde esticado, elegantes e rápidos como flechas - fabulosos na sua trajectória resoluta.
 A chuva intensifica-se do lado direito, onde as trovões ribombam, ameaçadores. Aproxima-se a tempestade.
 
 
 
 

 
 

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