«Gente Pobre», Primeiro Romance de Dostoievski - Silas Correa Leite
«Gente Pobre», Primeiro Romance de Dostoievski
A marca do gênio já no nascedouro literário
Silas Correa Leite
A marca do gênio já no nascedouro literário
Silas Correa Leite
«Gente Pobre» é o romance de estreia de toda a importante obra literária de Dostoievski, e que o revelou de imediato como escritor de grande futuro, inaugurando um estilo introspectivo - psicológico sem igual até o seu tempo histórico.
«A vontade de escrever é tão forte quanto a aversão pelas palavras.
Odiamos as palavras porque demasiadas vezes encobrem o vazio e a vileza. Desprezam as palavras porque empalidecem diante da emoção que nos atormenta. E, no entanto, outrora, a palavra significava dignidade humana e era o melhor bem do homem – um instrumento de comunicação entre pessoas» - Gustaw Jarecka
Odiamos as palavras porque demasiadas vezes encobrem o vazio e a vileza. Desprezam as palavras porque empalidecem diante da emoção que nos atormenta. E, no entanto, outrora, a palavra significava dignidade humana e era o melhor bem do homem – um instrumento de comunicação entre pessoas» - Gustaw Jarecka
O romance Gente Pobre, escrito quando Fiodor Dostoievski tinha apenas 25 anos, é um poderoso livro de crônica social e entreditos, marco de um início que seria uma carreira literária retumbante.
Duas personagens centrais, um humilde funcionário público e uma costureira que trocam correspondências entre si. «Jovem Dostoieviski: a síntese da arte e da verdade» (Bielinsk).
Uma caracterização da pobreza à moda russa, daqueles tempos tenebrosos muitas vezes depois retratados com outras tantas tintas. Em São Petersburgo, os problemas diários relacionados com a habitação, a comida e o vestuário, e todo o sombrio entorno decorrente clarificado na obra marcada.
O frio e a frieza de uma sociedade que ignora os pobres. Crítica social contundente, comendo pelas beiradas narrativas. Segundo alguns historiadores, uma das obras que mandou o autor para a cadeia siberiana.
Obra aparentemente sentimental, num entender primário que seja, em narrativa que propositalmente parece ser de simples crônicas, feito trocas de cartas (sentimentos, sonhadores, gente pobre; tristezas retratadas com primor), entre Makar Aleksieivitch, servidor público, e Varvara Aleksieievna, órfã desonrada – mais o subsolo da vida, inflexões, inquietações; a intimidade sagrada da penúria compartilhada.
O miniobscuro retratado por miseráveis anônimos, essa gente miúda, anômalos, entre minitristezas, desavessos, a quase ralé no subúrbio de uma São Petersburgo. Cartas-janelas abertas entre escombros de sombras, zombarias, desprezos, toda uma obscuridade material. A agudeza de percepção já então determinante.
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