Herança Histórico-Cultural Portuguesa na Etiópia - Texto de Dulce Rodrigues
As realizações arquitectónicas que os Portugueses deixaram espalhadas pelo mundo são notáveis, mas em muitos casos pouco ou nada conhecidas fora dos países em que se encontram implantadas.
Um desses lugares é a Etiópia, e foram os próprios Etíopes que me fizeram descobrir essa rica herança quando da minha viagem em 2011 àquele país. Gostaria de partilhar convosco fotografias de algumas dessas riquezas.
No que respeita aos acontecimentos históricos que ligaram Portugal e a Etiópia, não existem monumentos como testemunho; são factos que somente fazem parte da memória colectiva do país e se encontram mencionados nos livros de história.
A primeira ponte portuguesa – na realidade a primeiríssima ponte construída em Africa digna de se considerar uma ponte – foi construída em 1620 no caminho que leva às Quedas do Nilo Azul.
A primeira ponte portuguesa – na realidade a primeiríssima ponte construída em Africa digna de se considerar uma ponte – foi construída em 1620 no caminho que leva às Quedas do Nilo Azul.
Levei cerca de 45 minutos, sempre a subir por caminhos pedregosos e de piso irregular, para chegar ao cimo da colina, tendo sido ajudada em grande parte do percurso por um dos jovens etíopes que acompanhavam o nosso grupo.
Mas valeu a pena, perante a magnífica vista das cascatas fumegantes do Nilo Azul. Ao lançarem-se em cachoeira pelos penhascos, as águas do rio parecem fumegar, pelo que os habitantes da região lhes chamam «Tis Isat» , que significa «lume fumegante».
Situada na garganta do Nilo Azul, a cerca de 50 quilómetros abaixo da nascente do rio no Lago Tana, encontra-se uma outra ponte construída pelos Portuguesas. Os materiais foram pedra, areia, cal e ovos!!
Sim, sim, ovos, que antigamente eram usados para dar elasticidade nas juntas. Esta ponte era destinada à passagem de pessoas e burros unicamente; sofreu rupturas e reparações em diversas ocasiões – daí chamaram-lhe ponte partida – mas depois da derrota italiana durante a Segunda Guerra Mundial, nunca mais foi reparada convenientemente.
A população local ainda a utiliza porém, pois assim evitam o longo caminho até à ponte mais próxima: ligando várias cordas umas às outras por meio de nós e com 6 homens de cada lado a puxar, uma a uma as pessoas conseguem atravessar a fenda existente na ponte.
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