sábado, 5 de janeiro de 2013

Crónicas de Santarém - Loja de Raridades - Por Arlete Piedade

 
Crónicas de Santarém - Loja de Raridades - Por Arlete Piedade 
 
Há dias, voltando de visitar um cliente, ao passar junto a uma velha montra, algo me chamou a atenção.
 
Ainda tinha uns minutos, pelo que resolvi entrar e visitar aquela loja que tinha sido objecto de uma reportagem no jornal local de maior circulação, há alguns meses.
 
Mal transpus o limiar da porta e comecei a mirar o motivo da minha curiosidade, e logo um velho homem, alto e escanzelado, veio ao meu encontro, com um sorriso desdentado no rosto.
 
Uns óculos de lentes grossas cobriam-lhe os olhos cansados de noventa e tal invernos vividos com entusiasmo e paixão, que ainda brilhavam ao falar do seu negócio.
 
Negócio? Dificilmente esta palavra se poderá aplicar àquele espaço que mais parece um museu, ou local de culto.
 
Educadamente dirigiu-me a palavra perguntando em que podia ser útil e ao ver para onde o meu olhar se voltava, um cintilar de entusiasmo, fez despedir faíscas brilhantes das lentes dos seus auxiliares visuais.
 
Tirou então a carteira do bolso e abriu-a retirando um velho recorte de jornal que desdobrou cuidadosamente, mostrando-me um artigo sobre o nosso veterano jornalista, falecido há alguns anos, Fernando Pessa.
 
Na verdade eles até são parecidos, pensei eu, relembrando o velho homem das reportagens interessantes na TV, velha glória que no tempo da segunda guerra mundial, exilado em Londres, recusava ir para o abrigo, para fazer a reportagem em directo do estrondo das bombas nazis.
 
Pensando ir ouvir um elogio ao jornalista falecido em plena actividade, com mais de 90 anos, preparei-me, com uma postura atenta.
 
 
 
 
 

 
 

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