Parentes pobres - Crónica de Leocardo no Blogue Bairro do Oriente
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São os pobres, os idosos, os toxicodependentes e os deficientes, os elos mais fracos que sempre quebram nesta RAEM dos muitos milhares de milhões de patacas.
São os pobres, os idosos, os toxicodependentes e os deficientes, os elos mais fracos que sempre quebram nesta RAEM dos muitos milhares de milhões de patacas.
A dificuldade no acesso ao emprego e à habitação juntamente com a subsídio -dependência levam-nos a uma espiral de exclusão de onde é quase impossível sair, num território onde cada um defende o seu pedacinho de céu da forma mais agressiva que sabe, roçando tantas vezes o egoísmo e o desprezo pelos seus iguais menos afortunados.
Há alguns anos em Hong Kong realizou-se uma conferência internacional onde um orador norte-americano sugeriu que uma forma de combater a pobreza e a exclusão e incluir os mais pobres na sociedade seria legislar no sentido de tornar obrigatório que estes não vivessem longe do seu local de trabalho, permitindo que se pudessem deslocar a pé para diariamente ganhar o seu pão.
A ideia teve imediatamente uma reacção negativa forte dos participantes honconguenses, pois ter os pobres a morar ao lado «desvalorizaria a sua propriedade».
Na RAEHK as pessoas com menos posses e os trabalhadores migrantes que auferem salários mais baixos optam muitas vezes por alugar uma cama semelhante a uma gaiola, conhecidas por «camas - caixão», onde vêem a sua privacidade confinada a um espaço mais pequeno que uma mera banheira, e mesmo assim pagam pelo menos 3000 dólares de Hong Kong mensais por este alojamento pouco digno.
E é bem conhecido o caso dos moradores de um conhecido complexo habitacional em Hac-Sá, Coloane, que se manifestaram há alguns anos contra a abertura de um lar de idosos no espaço comercial desse complexo, e apesar de terem alegado razões diversas, a motivação principal é óbvia: não seria bom para o seu investimento ter ali um asilo, onde paira a todo o momento o espectro da morte.
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