O casamento da amada - Conto de Jorge Sader Filho
Muitos estranharam a presença do homem de meia-idade que assistia ao casamento de uma linda moça com um rapaz nem tanto.
Finamente trajado, demonstrando educação esmerada, o homem claramente demonstrava não ser qualquer mortal desconhecido, embora seja isto, na realidade, o que somos.
Prestava atenção na elegância e requintada beleza da noiva. Vez por outra, uma lágrima corria dos seus olhos. Explica-se: durante dois anos, foram apaixonados. Paixão que não se concretizou, não namoraram, não ficaram juntos. Mas nem por isso deixou de ser muito intensa.
O encantamento da noiva causava inveja aos magoados pela vida. Nosso homem, não. Exibia um sorriso de contentamento. Seu convite, por especial delicadeza, partiu da própria noiva.
Na cerimonia, só ela o conhecia. Podemos dizer que aos olhos dos presentes, era um intruso. Mas com compostura que ninguém se atrevia de perguntar quem era ele, e o que fazia ali.
A dignidade da sua aparência não autorizava tal medida. Ele sorria. As lágrimas de amor que rolaram na sua face foram de contentamento. Ele jamais poderia casar-se com a bela e delicada jovem que recebia as bênções do matrimónio dadas pelo celebrante.
Estranho mundo!
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