sexta-feira, 1 de março de 2013

Boleias iniciadas em direcção a França - Crónica de Daniel Teixeira

 
Boleias iniciadas em direcção a França - Crónica de Daniel Teixeira
 
A boleia pela Espanha e em direcção a França, começou bem, logo ali nos arredores de Fuentes de Oñoro até Ciudad Rodrigo, que era a zona onde mais se temia uma acção inconveniente dos carabineiros espanhóis, que era o recambio para Portugal, dada a proximidade relativa com a fronteira portuguesa.

Na nossa mente colocava-se bem forte a ideia de que a acção dos carabineiros ali caso nos vissem seria a de nos levar em jeep até à fronteira de Vale Formoso, relativamente próxima, e lá entregar-nos sumariamente aos seus colegas portugueses (na altura Guarda Fiscal) pouco se importando eles com aquilo que nos sucederia a seguir.
 
E este «a seguir» não era simplesmente uma presença num tribunal qualquer, mas sim num tribunal militar ao qual não foi nunca aconselhável a ninguém estar presente na altura (e nem agora, embora as razões e as situações possam ser diferentes).
 
Apesar da tranquilização psicológica obtida após um copo de bagaço (isto às seis da manhã, sensivelmente) fornecida pela pequena comerciante fronteiriça espanhola para onde estava direccionado marcar o ponto, a altura e a relativa gravidade da situação não era muito propícia a tranquilizações verbais e felizmente não chegámos a ter de testar a força do argumento da senhora e ainda bem.

«Se têm Bilhete de Identidade não têm problemas com os carabineiros!» foi o que ela nos disse. E passámos perto do quartel deles (tínhamos mesmo de passar pois não havia outro caminho) e não vimos vivalma nem de sentinela.
Estava um frio de rachar, é um facto, pouco propício a patrulhamentos de rotina, mas só ficámos mais tranquilos quando nos fizemos à estrada propriamente dita, a pé, claro, distanciando-nos progressivamente do bordejar fronteiriço português.
 
 
 
 
 

 

 

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