O último voo do Flamingo - Por Arlete Deretti Fernandes
António Emílio Leite Couto, mais conhecido por Mia Couto, nasceu na Beira, Moçambique, em 1955. Foi diretor da Agência de Informação de Moçambique, da Revista Tempo e do Jornal de Notícias de Maputo.
Tornou-se nestes últimos anos um dos ficcionistas mais conhecidos das literaturas de Língua portuguesa. O seu trabalho sobre a língua permite-lhe obter uma grande expressividade, por meio da qual comunica aos leitores todo o drama da vida em Moçambique após a independência. Os seus livros estão traduzidos para o francês, inglês, alemão, italiano e espanhol. Publicou: Poesia, Contos, Crónicas e Romances.
Sobre o Texto de «O Ultimo Voo do Flamingo»
Tizagara, nos primeiros anos após guerra. Nesta vila parece que tudo corre bem.
Tizagara, nos primeiros anos após guerra. Nesta vila parece que tudo corre bem.
Os capacetes azuis chegaram para vigiar o processo de paz, e a vida da população transcorre numa aparente normalidade. Porém, devido a razões que todos desconhecem, os capacetes azuis começaram subitamente a explodir.
Massimo Risi, o soldado italiano das Nações Unidas destinado para investigar as estranhas explosões, chega em Tizangara. é-lhe colocado um tradutor à disposição, e através do relato deste tomamos conhecimento dos fatos.
Entra-se num mundo de vivos e mortos, de realidade e de ficção, de feitiçarias e de sobrenatural, que passam por nós em personagens densamente construídos, do qual o feiticeiro Andorinho, a prostituta Ana Deusqueira, o padre Munhando, o administrador Estevão Jonas e a sua mulher Ermelinda, a velha - moça Temporina, o velho Sulplício, são apenas alguns exemplos...
O mistério torna-se maior. Os soldados da paz, morreram ou foram mortos? Com toda a sabedoria da Velha Africa, Mia Couto mostra-nos, uma vez mais na ironia, no humor, no espírito crítico, na palavra cáustica, no recurso à metáfora e no simbolismo das frases, o seu absoluto domínio da escrita e da língua portuguesa, o conhecimento e o amor profundo que tem e dedica a esse belíssimo e atormentado continente, no magnífico romance, O Último Voo do Flamingo.
Sem comentários:
Enviar um comentário