domingo, 17 de março de 2013

 
Poética de Ilona Bastos - Houve um tempo...; Quando a noite está quente; Versos em fuga 
 
Houve um tempo...
 
 Houve um tempo em que o tempo não tinha fim.
 Percorriam-no jogos, corridas e risos pelo jardim,
 Ou as rodas de uma dança de criança, de um triciclo,
 Um ciclo de fitas animadas, livros de contos de fadas,
 Baladas, romances de príncipes e princesas encantadas…
 
Houve um tempo de inocência, em que a aventura
 Sorria, espreitando, em cada esquina, e era ventura
 As pistas descobrir, e do mistério desvendar a solução,
 Na convicção de quem é vencedor na luta pelo bem
 E tem, em si, a ambição de ser gigante - ser alguém!
 
Quando a noite está quente
 
 Quando a noite está quente
 e o coração saciado de amor,
 sentada para escrever,
 a música a ditar o meu sentir,
 é poesia que me sai das mãos,
 como renda preciosa
 ou bordado mimoso,
 como doce apetecível
 ou afago carinhoso.
 
Os sons longínquos
 não perturbam a paz,
 e o sono brando do cão,
 amável companhia,
 é conforto e tranquilidade.
 
Versos em fuga
 
Afastam-se, voando,
 as palavras em verso
que na noite murmuro
 (incessante balbucio, por
 entre sonhos turbulentos).
 
Digo e repito as ideias
 pois temo perdê-las.
 Retenho detalhes,
 decoro-lhes formas
 de oração a não esquecer.
 
 Pela manhã, estou só,
 desse canto, o que ficou?
 Vagas impressões
 de ladainha abandonada
 pelas trevas, pelo vento…
 
 
 
 
 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário