NO SENTIDO DE FARO - Crónica de João Manuel Brito Sousa
Quem vinha de fora, anos cinquenta, ao entrar em Faro, deparava-se com o Posto da Polícia de Viação e Trânsito, onde os polícias de serviço eram apodados de «canairinhos» por estarem vestidos de farda amarela.
Eram três, o Monteiro, o Marinhas e outro do Norte que já não me lembro o nome. Quando entravam na cidade, os camponeses, que eram transportados em carros de mula com os produtos hortícolas para vender na «praça», eram vistoriados pelos polícias de serviço, que, em princípio, não os multavam mas sempre iam ficando com umas couves e umas batatas à borla, pois estes polícias eram mesmo autoridades a sério e metiam medo ao pessoal.
Eram três, o Monteiro, o Marinhas e outro do Norte que já não me lembro o nome. Quando entravam na cidade, os camponeses, que eram transportados em carros de mula com os produtos hortícolas para vender na «praça», eram vistoriados pelos polícias de serviço, que, em princípio, não os multavam mas sempre iam ficando com umas couves e umas batatas à borla, pois estes polícias eram mesmo autoridades a sério e metiam medo ao pessoal.
Uma palavra deles era para cumprir. Eram arrogantes e autoritários e era assim que faziam cumprir a lei. Vindo de fora e voltando à esquerda em direcção ao Refúgio, nas primeiras casas em frente ao Posto da Polícia, ficava aí uma estalagem, onde se albergavam as mulas que transportavam os carros que traziam as hortaliças.
Era a estalagem do ferrador, um companheiro lá dos meus sítios, genro dos Rosas. Ali se ferravam os animais, um trabalho que exigia muita perícia e consistia em retirar dos cascos as ferraduras já puídas e meter outras novas., fixadas a cravos e martelo.
Também aqui se procedia à tosquia dos animais, trabalho esse que era feito com uma tesoura normal ou adaptada aquele serviço. Alguns animais estrebuchavam e o ferrador, para acalmar os bichos, colocava-lhes na boca o azial que talvez lhe provocasse algumas dores mas mantinha-os calados.
Também aqui se procedia à tosquia dos animais, trabalho esse que era feito com uma tesoura normal ou adaptada aquele serviço. Alguns animais estrebuchavam e o ferrador, para acalmar os bichos, colocava-lhes na boca o azial que talvez lhe provocasse algumas dores mas mantinha-os calados.
A seguir à estrebaria, havia um estabelecimento que vendia empreitas, umas tiras da largura de quatro dedos da mão feitas de palma. Era daqui que se faziam as gorpelhas, utensílios que se usavam no campo para o carregamento das massarocas de milho e outros.
Fazia-se primeiramente as tamissas, que eram uma espécie de atilhos que, uma vez enfiadas no fundo da agulha, serviam para coser as empreitas donde resultavam as gorpelhas e as alcofas. Penso que tudo isto acabou, resta a saudade.
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